[protected]Texto 1
Na Sociologia e na Literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda, iniciativa da agência nova/sb, mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vasculhou plataformas como Facebook, Twitter e Instagram atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação.
— Aquele brasileiro cordial não usa a internet no Brasil — diz Thiago Tavares, presidente da ONG SaferNet Brasil. — O que a gente tem visto nas redes sociais é o acirramento do discurso de ódio, de intolerância às diferenças.
Como resultado do panorama político gerado a partir das eleições de 2014, “coxinhas” e “petralhas” realizam intenso debate nas redes, na maioria das vezes com xingamentos e discursos rasos, que incentivam o ódio e a divisão. Do total de mensagens analisadas, 219.272 tinham cunho político, sendo que 97,4% delas abordavam aspectos negativos. (In: http://oglobo.globo.com/sociedade/brasil-cultiva-discurso-de-odio-nas-redes-sociais-mostra-pesquisa-19841017#ixzz4aUHsIvCl. Acesso em 05/03/2017)
Texto 2
Trecho da entrevista concedida por Raquel Recuero ao jornal Zero Hora, professora da Universidade Católica de Pelotas e autora do livro A Conversação em Rede: A Comunicação Mediada pelo Computador e as Redes Sociais (Ed. Sulina, 2012):
Por que se tem a sensação que existe, nas redes sociais, um excesso de intolerância e violência?
— Acho que isso não está em todos os canais, mas em alguns, principalmente no Facebook e no Twitter. Especialmente após o ano passado, por conta, principalmente, das eleições, essas agressões adquiriram outra proporção. Isso é um efeito direto da guerrilha informacional que tomou a mídia social durante o período (das eleições). Mas não quer dizer que todo mundo seja assim. É preciso entender também que há uma articulação de grupos, e muitas vezes temos o efeito do “grito”, ou seja, aparece mais quem grita mais alto, mesmo que esse grito seja dado por um grupo pequeno.
As pessoas são agressivas na internet por quais motivos?
- Primeiro, porque elas não veem a audiência, que é invisível. Elas interagem com uma tela, e com uma audiência imaginada. No “calor” da emoção, acabam falando coisas para essa audiência, que, claro, não é todo mundo. Isso gera mais agressão ainda, já que as pessoas que não foram intencionalmente agredidas se ofendem, e por aí vai. Em segundo lugar, aquilo que é dito permanece, é difícil de apagar (qualquer um pode dar print screen) e tem muito mais impacto. Em terceiro, as redes são heterogêneas, com pessoas de diferentes credos, opções e ideias. Só que na vida cotidiana, a gente normalmente não procura o conflito na conversa, mas a cooperação. Há exceções, é claro, mas de modo geral a gente conversa com as pessoas sobre o que elas concordam conosco, evitamos os assuntos mais “espinhosos”. Na internet, tu não consegues fazer isso. Não tens como separar as audiências. Além disso, existem os “trolls” e os “haters”, que são grupos organizados para implicar, fazer barulho e criar confusão online, não apenas na seara política, mas em qualquer uma. E esses grupos conseguem se articular bem na internet, porque a rede proporciona isso. (In: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/05/o-discurso-de-odio-se-tornou-mais-visivel-diz-pesquisadora-4766057.html. Acesso 05/03/2017)
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Com base nos seus conhecimentos de mundo e nos textos apresentados acima, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
O ódio nas redes sociais: como resolver esse problema atual?
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