Texto 1
Desde que o economista John Maynard Keynes imaginou, em um ensaio de 1930, um futuro em que a mecanização permitiria “três horas de trabalho por dia, ou uma semana de quinze horas”, e possibilitaria “consagrar nossas energias ainda disponíveis a objetivos não econômicos”,1 a questão da automação não mais saiu do debate público. Nós a reencontramos há alguns anos sob o rótulo pomposo de “digitalização do mundo do trabalho”.
Um conjunto de tecnologias abriria novos campos em um ritmo acelerado para a substituição do humano pela máquina. Nas fábricas, robôs leves preencheriam as últimas lacunas; os sistemas em rede da “internet das coisas” racionalizariam os processos de produção e as relações com os clientes; a inteligência artificial substituiria os funcionários no setor de serviços, tendo por horizonte o surgimento de um exército de desempregados adicionais, ou, como já havia prenunciado Keynes, o “desemprego tecnológico, por causa do fato de estarmos descobrindo maneiras de economizar mão de obra a uma velocidade maior do que aquela com que podemos encontrar novos usos do trabalho humano”.
(…)
Apresentada como uma necessidade econômica, ou mesmo como uma inevitabilidade histórica, a escolha da automação permanece acima de tudo ligada a uma política: a da globalização, ela mesma implementada nos anos 1990, apoiando-se em tecnologias digitais. Nesse contexto, culpar os robôs permite evitar questionar as principais orientações econômicas. Em grande parte superestimado, o desemprego tecnológico que Keynes evocava serve para desviar a atenção das devastações do capitalismo realmente existente. Os estudos que levam em conta não apenas a possibilidade teórica de substituição entre humanos e máquinas, mas também a evolução do conteúdo do trabalho e o surgimento de novos empregos contradizem as expectativas dos meios de comunicação no que se refere à substituição de trabalhadores por robôs e sugerem até a possibilidade de aumento do emprego.5 Resta determinar por quais salários, em quais condições e para qual produção – questões políticas, se houver, mas que muitos gostariam de evitar.
(Adaptado de em https://diplomatique.org.br/robos-os-culpados-ideais/.Acesso em 27 dez 2019).
Texto 2
E se todos os trabalhos fossem hipercriativos? E se todo trabalho fosse por temporada? E se você só trabalhasse com o que gosta de fazer? E se você pudesse acessar mais camadas da sua mente?
A partir do dia 19 de setembro, o Museu do Amanhã, gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), inaugura sua nova exposição Ofisuka 2068 – Imaginando um Futuro do Trabalho e convida os visitantes a descobrir um futuro possível para a vida profissional 50 anos adiante.
“Nos perguntamos: qual seria o papel do ser humano em uma sociedade na qual questões como renda mínima já terão sido equacionadas, e a tecnologia continuará a redefinir padrões de conforto, eficiência, precisão e produtividade? Talvez o nosso lugar seja desenvolver trabalhos mais criativos. Imaginamos que em 50 anos, pessoas do mundo todo se organizarão por projetos temporários em espaços como a Ofisuka para desenvolver novas organizações, iniciativas, campos de pesquisa ou para criar atividades científicas, tecnológicas ou artísticas, por exemplo”, conclui.
A metodologia usada na criação da mostra foi baseada na disciplina “Estudos de Futuros”, que auxilia no desenvolvimento de estratégias, de políticas públicas, e de novos produtos e serviços para influenciar futuros possíveis. O exercício envolveu a análise de sinais de mudança e suas implicações no tempo e em vários níveis sociais, culturais, ambientais e de negócios.
A exposição apresentará algumas possíveis novas profissões como: Onironauta (mineradores de matéria onírica bruta), Pensigner (designer de pensamentos), que facilitam a hipercriatividade de um futuro marcado pela união entre tecnologia, pessoas, natureza e sociedade, que habilitará novas formas de se organizar, interagir e consumir. Assim, conhecimentos em design, psicologia, matemática, neurobiologia e filosofia, e de meditação serão importantes para os profissionais do futuro.
O percurso narrativo ainda exibirá ao público possíveis padrões do trabalho daqui a 50 anos: o de hipercriatividade, que une indivíduos à tecnologia; o de quimeras, novas organizações híbridas entre humanos e não-humanos que viverão como famílias; e o de pessoas artificiais – capazes de gerenciar seus próprios recursos e estabelecer relações de troca. Na exposição, visitantes poderão ver ferramentas, equipamentos, que serão usados em 2068 como a geladeira de gel, as impressoras 3D que criarão móveis e exoesqueletos, impressoras de comida, máscaras de visualização, e casulos de dormir. Pessoas poderão entrar nas Cápsulas onde os Onironautas mineram matéria bruta de sonhos, poderão interagir com uma ferramenta de prototipagem de realidade aumentada no Projectum, e poderão entrar em estados meditativos nos Dream Pods, manipular cenas de sonhos no ComumSonho – Estúdio de Protipação.
(Adaptado de https://museudoamanha.org.br/pt-br/exposicao-temporaria-ofisuka-2068-imaginando-um-futuro-do-trabalho. Acesso em 27 de dez 2019).
Texto 3
(Disponível em https://www.imf.org/pt/News/Articles/2018/08/28/blog-chart-of-the-week-invest-in-robots-and-people-in-asia. Acesso em 27 dez 2019)
Com base nos textos acima e no seu conhecimento de mundo, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
O futuro do trabalho: automação e aspectos sociais
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