Os perigos das Fake News na era da informação

No livro “A revolução dos bichos”, do escritor britânico George Orwell, é retratada uma distopia dentro de uma típica fazenda no interior da Inglaterra de meados do século XX, cujo passado remonta uma revolta dos animais e a implementação de um regime opressivo por parte do cão do lugar, o qual instaurou uma situação semelhante à última, na qual os donos (humanos) dominavam. Ao longo da trama, a narrativa revela os esforços do “braço direito” do cachorro, o porco Garganta, encarregado de passar informações falsas para o restante dos bichos, com o objetivo de persuadi-los de que o novo patrão é melhor do que o outro. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada pode ser relacionada àquela do século XXI: a disseminação de fake news na era da informação gera danos no que tange a promoção da falta de conhecimento e a manipulação social.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a procura pelo conhecimento e pela verdade fica estagnada com a crescente noticiação de fatos inverídicos pelas atuais mídias. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a felicidade, bem supremo da espécie humana, só pode ser alcançada através da busca incessante da realidade das coisas. Paralelamente, observa-se que esse mesmo movimento em direção à felicidade está presente em um dos artigos da Carta Universal dos Direitos Humanos (CUDH), promulgada pela ONU em 1950. Assim, fica patente que as mídias sociais e a indústria da propaganda, ao divulgar fake news por motivos ideológicos, trazem malefícios ao tecido social vigente por meio da supressão de direitos.

Consequentemente, a partir da veiculação de notícias falsas, torna-se hodierna, também, a manipulação de internautas e de vários outros usuários dos meios de comunicação de massa. Winston Churchill, ministro inglês durante a 2º Guerra Mundial, em seu livro “Memórias”, diz: A função das instituições que lidam com a verdade dos fatos é trazer à luz os problemas da sociedade. Visto isso, é notório que essa premissa não é seguida em sua totalidade nos dias de hoje, uma vez que, de acordo com relatórios da ONU, 65% das informações que circulam na internet não correspondem ao ocorrido na situação supracitada. Logo, tal fenômeno resulta no controle comportamental dos indivíduos.

Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para levar os atores sociais ao entendimento do tema e preveni-los da manipulação midiática, urge que o Ministério da Educação e da Cultura crie, mediante colaboração de alunos e professores das diversas instituições educacionais brasileiras, campanhas publicitárias que conscientizem a população a respeito do perigo causado pela crença em fake news e de como identificá-las em todos os meios. Não só, é necessário que esse projeto seja levado para dentro de comunidades vulneráveis. Sendo assim, será possível calar a boca do nosso “porco Garganta”.