Insegurança Alimentar no Brasil

No filme “O Poço”, disponível na Netflix, é retratado a dinâmica realizada em uma prisão vertical, na qual a alimentação dos detentos ocorre através de uma plataforma descendente, de forma que aqueles que estão nos níveis acima consomem mais alimentos que aqueles situados abaixo. Fora da ficção, o cenário não se difere, uma vez que, no contexto atual, simultaneamente, a insegurança alimentar acomete muitos brasileiros, enquanto outros saem ilesos dessa precariedade. Desse modo, pode-se observar que, tal problemática advém da ineficácia estatal e evidencia a desigualdade social no país.

Nesse viés, é válido ressaltar a ausência de políticas públicas eficazes para o combate de tal problemática. Nesse sentido, menciona-se o escritor brasileiro Gilberto Dimenstein, que afirmou, em seu livro “Cidadão de Papel” que, muitas vezes, as leis não passam do papel, visto que, na prática, não cumprem devidamente com a função descrita. Consoante a esse pensamento, nota-se a ocorrência desse fenômeno ainda no panorama vigente, uma vez que, apesar da existência de leis que, teoricamente assegurem aos habitantes o direito à alimentação, 36% deles sofrem com essa situação, número maior que a média mundial, segundo dados do Instituto Vox Populi.

Além disso, pode-se afirmar que, esse cenário acentua um problema previamente presente na nação, a desigualdade social. Isso porque, conforme o aumento dos preços dos alimentos, aqueles pertencentes às classes sociais mais baixas não conseguem adquiri-los. Assim, observa-se que, a camada popular da sociedade é privada de um direito básico, enquanto outra parcela, concentra majoritariamente os recursos para si. Tal quadro torna-se evidente, ao verificar que, a região Nordeste, mais pobre do território, é a zona brasileira mais afetada pela fragilidade quanto à obtenção de sustentos, de acordo com estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Portanto, urge-se que a situação mude. Para isso, é necessário que, o Governo Federal assegure o direito à alimentação saudável para toda população. Isso pode acontecer através da criação de centros comunitários nas regiões mais vulneráveis, que distribuam cestas básicas e refeições diárias para os necessitados, de modo que esses tenham acesso aos mantimentos essenciais. Dessa forma, diferentemente da obra cinematográfica, a segurança alimentar será garantida a todos os cidadãos, independentemente de condições hierárquicas.