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O Jeitinho Brasileiro

O Jeitinho Brasileiro

Texto 1

 

Vamos Acabar Com Esta Folga

Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)

O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.

De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:

— Isso é comigo?

— Pode ser com você também — respondeu o alemão. [protected]

Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele. Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.

O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc. etc. Até que, lá do canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:

— Isso é comigo?

O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e… pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.

Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros. (Localizado em http://www.releituras.com/spontepreta_folga.asp)

 

Texto 2

 

O que é o jeitinho Brasileiro?

De André Rabelo

 

O Brasil é o país do “jeitinho.” Somos famosos mundialmente por “dar um jeitinho para tudo” e pela nossa malandragem. O potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade, características centrais do jeitinho, é ao mesmo tempo algo que podemos sentir orgulho e vergonha, pois ao mesmo tempo que o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, também se refere à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa.

Nas sociedades chinesas, é comum se observar um construto cultural semelhante ao jeitinho, o guanxi. O guanxi também é uma estratégia usada cotidianamente para a resolução de problemas, mas se diferencia do jeitinho em diversos aspectos, principalmente porque o jeitinho não envolve relações previamente existentes entre as pessoas ou a ação de qualquer mecanismo de reciprocidade, como é o caso do guanxi.

O jeitinho pode ser entendido como um tipo de ação visando obter benefício próprio ou a resolução de um problema prático,  fazendo uso de criatividade, cordialidade, engano e outros processos sociais [1]. Tanto na antropologia quanto na sociologia, o fenômeno do jeitinho brasileiro têm sido muito estudado e enfatizado como um aspecto central da identidade cultural brasileira. O símbolo do malandro, ilustrado pelo personagem de desenho Zé Carioca na imagem acima, captura a essência deste modo flexível, porém muitas vezes prejudicial a terceiros, de navegar socialmente.

Um problema enfrentado nas áreas que tradicionalmente estudam o jeitinho é no seu próprio significado, pois diversas definições costumaram capturar diferentes aspectos do jeitinho sem fazer referência aos outros aspectos. Foi visando compreender de maneira mais sistemática o jeitinho brasileiro que um grupo de pesquisadores, incluindo vários brasileiros, publicou este ano um artigo no Personality and Social Psychology Bulletin. O que os pesquisadores encontraram nesta pesquisa foi que o jeitinho brasileiro, embora tenha sido tratado como um conceito unitário e coerente por boa parte da literatura em antropologia, sociologia e ciência política, se caracteriza como um fenômeno mais complexo e multifacetado, possuindo diferentes dimensões. A partir da aplicação de questionários descrevendo situações típicas de jeitinho brasileiro, eles identificaram três principais dimensões: a criatividade, a corrupção e a quebra de normais sociais.  A criatividade está relacionada à resolução criativa e inovadora de problemas sem violar normas sociais. Representando situações nas quais a resolução de problemas se dá por meios ilícitos, identificou-se a dimensão de corrupção. Por último, a quebra de normas sociais representa o uso do jeitinho para burlar normas sociais que dificultam a resolução de um problema.

 

A separação destas três dimensões é útil na medida em que estas dimensões se relacionam de maneira diferenciada com outras variáveis psicológicas, e este foi um aspecto investigado em um dos estudos da pesquisa. Este segundo estudo avaliou a relação entre o jeitinho e outras variáveis psicológicas conhecidas, como a orientação de dominância social, as atitudes morais e a percepção subjetiva e intersubjetiva de normais sociais.  A relação entre moralidade e jeitinho é especialmente curiosa, pois alguns autores afirmam que a prática generalizada do jeitinho cria condições para o estabelecimento de um clima de cinismo e delinquência para julgar moralmente as ações dos outros [1], além de modificar a maneira como atos morais são julgados pelas pessoas. Nessa linha pensamento, os atos passariam a ser mais julgados comparativamente a outros atos morais severos, e sendo menos julgados por si mesmos.

Ou seja, a prática do jeitinho nos encaminharia, ao longo do tempo, a julgar ações como estacionar em local proibido ou furar uma fila como menos erradas ou merecedoras de punição do que as ações de políticos corruptos, por exemplo, obtendo assim uma “justificativa” para ações individuais que seriam muito mais amenas.

Em suma, a partir dos dados desta pesquisa, o conceito de jeitinho brasileiro pode ser compreendido de maneira mais clara e abrangente como uma estratégia geral de resolução de problemas, gerados a partir de hierarquias e instituições ineficientes, que envolve a criatividade, a corrupção ou a quebra de normas sociais, comumente visando um benefício pessoal. Os dados desta pesquisa apoiam a tese de que o jeitinho é um construto cultural particular e complexo que se diferencia em aspectos cruciais de outros construtos, como o guanxi, por exemplo. Ao mesmo tempo que o jeitinho tem um caráter altamente adaptativo, pois se refere à flexibilidade cognitiva dos indivíduos na resolução de problemas, ele também mostra o lado escuro da nossa criatividade para obter recursos de maneira ilícita – que o digam as cuecas dos políticos envolvidos no mensalão. A propósito, outro trabalho recente investigou este “lado escuro” da criatividade [2], mas isso é uma história para outro dia. (Localizado em http://scienceblogs.com.br/socialmente/2012/08/e-jeitinho-brasileiro/)

 

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O jeitinho brasileiro está relacionado com a esperteza, com a malandragem, com o modo de sempre se dar bem em todas as situações, mas esse jeitinho não é sempre bem visto. Com base nos textos acima e no seu conhecimento de mundo, escreva um texto sobre o seguinte tema:

O jeitinho brasileiro: malandragem ou necessidade do povo brasileiro?

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A redação não tem limite de linhas, porém, os vestibulares no geral fornecem ao candidato uma folha pautada contendo de 30 a 40 linhas. Tente não passar desse limite. Leve em conta o tamanho da sua letra de mão na hora de escrever seu texto no computador.

 

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