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Coloque-se no lugar de um estudante de Ensino Médio que recebe a difícil tarefa de escrever um manual de instrução com sugestões para transformar a nossa sociedade atual em uma sociedade melhor. Neste manual, que deverá ser publicado no blog da escola, você deverá:
- Explicar a importância desse material;
- Apresentar, no mínimo, quatro sugestões e articulá-las com a sociedade brasileira.
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Para realização desse texto, segue o editorial do Jornal Le Monde Diplomatique Brasil, publicado em 5 de dezembro de 2017.
Texto fonte
Na situação atual, é até previsível que nós, brasileiros e brasileiras, desejemos um mundo muito diferente do atual para viver. Nosso desejo é o avesso do que é nossa sociedade hoje, como aponta pesquisa nacional de valores feita pelo Datafolha e divulgada em outubro passado.1
A percepção dos entrevistados é de que vivemos em uma sociedade dominada pelos seguintes valores e comportamentos: corrupção, violência/crime, pobreza, agressividade, poluição ambiental, analfabetismo, burocracia, discriminação racial, incerteza sobre o futuro, desperdício de recursos.
Mas não é essa sociedade que queremos. Conforme a pesquisa, nossa sociedade desejada provê cuidados com saúde, justiça, paz, oportunidade de emprego e educação, cuidado com os idosos, qualidade de vida, cidadania, compromisso, honestidade.
A sociedade que temos está moldada para atender aos interesses dos grandes negócios, para tornar as grandes empresas, especialmente os grandes bancos, os beneficiários do trabalho de todos.
A sociedade que desejamos quer atender às necessidades das maiorias, melhorar a qualidade de vida de todos, enfrentar a desigualdade e a exclusão social, respeitar todos os direitos humanos.
Para conquistar essa nova sociedade é preciso enfrentar os poderes controlados pelas elites, e o único caminho é a reapropriação da política pelo cidadão comum. Isso significa investir na construção de novos atores coletivos, fortalecer redes e fóruns, debater a radicalização da democracia, propor profundas mudanças nas instituições e a criação de novas formas de participação e controle social na gestão pública e na política.
Para superar a dominação do sistema político pelos grandes grupos econômicos, teremos de formar novas maiorias na sociedade, disputar corações e mentes e, para isso, debater publicamente agendas, prioridades, legislações, políticas públicas e o orçamento público.
Hoje percebemos que a hegemonia do pensamento conservador e neoliberal se impôs com tal força que desmontou a capacidade de pensarmos alternativas. Não temos um projeto de sociedade para defender. As referências que o século XX nos deu, da polarização entre capitalismo e socialismo, não valem mais. Também é uma enganação contrapor Estado e sociedade. Mesmo os neoliberais precisam do Estado para impor seu programa. E é bom lembrar que há muito tempo não existe mais livre mercado. Estamos desafiados a pensar novos paradigmas, a criar um novo olhar sobre o mundo que vivemos e como é que nele vivemos.
A principal disputa é enfrentar a hegemonia do pensamento conservador. É criar debates públicos para alcançar o cidadão comum e envolvê-lo na análise crítica das políticas atuais e na produção coletiva de um novo projeto, uma nova esperança, novas formas de convivência, de produção, de vida em sociedade.
E, para realizar essa disputa, os que defendem a radicalização da democracia e a defesa dos direitos humanos precisam se dotar de instrumentos para a produção de conhecimentos, para a promoção do debate público, para a comunicação por meio das mídias e das redes sociais. (Adaptado de https://diplomatique.org.br/solidariedade-entre-nos-ii/)
Obs: Caso você não conheça a estrutura de um manual de instrução, aconselhamos a ler receitas culinárias e manuais de montagem de objetos. Todos eles apresentam instruções para realizar algo. [/protected]
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