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O peso das pesquisas eleitorais
Astros. Cartas de tarô. Bola de cristal. Jogo de búzios. As sugestões de um oráculo sobre o que possivelmente vai acontecer podem gerar expectativas e influenciar diretamente o comportamento da pessoa que o consulta. As pesquisas eleitorais também projetam cenários, indicam possibilidades, produzem informação e geram expectativas, porém não adivinham o futuro, ainda que ajudem a definir seus rumos. Contudo, diferentemente da previsão dos videntes, nas hipóteses levantadas junto ao eleitor não há espaço para a interferência do acaso, como uma tragédia. [protected]
Para além de toda a comoção gerada pela trágica morte de sete pessoas, a queda do avião que carregava o candidato à Presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, ocorrida na manhã do dia 13 de agosto em Santos (SP), fez desmoronar o esquema de uma disputa que até então se mostrava consolidada pelos institutos de pesquisa.
Cinco dias após o acidente aéreo, com Marina Silva ocupando o lugar de Campos como candidata pelo PSB, o Datafolha indicava que a polarização entre o Partido dos Trabalhadores (PT), da presidente Dilma Rousseff, e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do senador Aécio Neves, deixava de existir.
Mais ainda, no fechamento desta reportagem, os números do Ibope para a corrida presidencial mostram que o crescimento da candidatura de Marina diminuiu consideravelmente as chances de Aécio chegar ao segundo turno. Divulgada no dia 26 de agosto, a sondagem ratificou a tendência de um segundo turno entre Dilma e Marina, ensaiando assim uma nova polarização do debate.
Contas, informações e influências
Uma parte do eleitorado ignora essas oscilações e, independentemente das posições ocupadas pelos políticos nos gráficos dos institutos de pesquisa, vota de acordo com sua identificação ideológica, programática e histórica. Já a maioria, além das informações colhidas sobre os candidatos, ao tomar contato com as projeções passa a fazer contas escolhendo aquele que tem chances de sair vitorioso ou que tem maior possibilidade de derrotar o concorrente mais rejeitado.
Para os diretores de dois dos principais institutos de pesquisa, as tendências captadas junto à população não são determinantes para o resultado das eleições, mas fazem parte de uma soma complexa de referências que se traduzem no voto.
Mauro Paulino, diretor do Datafolha, enxerga as pesquisas como um dado importante na escolha do eleitor. “Vejo pesquisa eleitoral como informação; ela permite que o eleitor saiba qual é o cenário atual, tomando decisões baseadas nessa informação e em outras dadas pelas campanhas, pelo noticiário e na conversa com amigos e parentes. Esse conjunto faz que o eleitor elabore seu voto. Nesse sentido, a pesquisa entra como um fator de influência.” Na opinião de Paulino, a influência das pesquisas tem pesos diferentes entre os distintos perfis de eleitores. “Há uma pequena parcela que gosta de votar no candidato mais bem colocado. Há outra que prefere votar contra aquele candidato que mais rejeita.”
Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, considera o debate sobre o peso das pesquisas um tema polêmico. “Muito provavelmente não existe uma só resposta a essa questão. O que parece estar mais perto de ser verdade é que ela exerce uma influência em uma parcela do eleitorado. Mas tudo indica que é de tamanho insuficiente para fazer diferença, assim como outras informações”, minimiza. Coimbra acredita que se as pesquisas fossem determinantes para o eleitorado não haveria possibilidade de transformação dos quadros apresentados durante o período de campanha. “A demonstração de que não são determinantes é que as pesquisas mostram mudanças. Se elas influenciassem de maneira tão importante o eleitorado, em princípio elas tenderiam a se reproduzir. Assim, se o leitor viu uma pesquisa e tomou uma decisão, a próxima já estaria igual”, argumenta.
Rudá Ricci, sociólogo e doutor em Ciências Sociais, identifica um impacto indireto das pesquisas no resultado eleitoral. “Converso quase diariamente com todos os tipos de coordenação de campanha, da Rede, do PSB, da Dilma e dos tucanos. Elas fazemtrackingquase diariamente e levam em consideração, de fato, as pesquisas do Ibope e do Datafolha. O que ocorre é que as coordenações ficam numa pressão tão alta que isso transparece tensão para a militância e cria uma cadeia. O eleitor da ponta demora muito mais a perceber essa onda, mas ela chega até ele.” Por um lado, essa “onda” pode estimular uma candidatura em ascensão, como a de Marina, na medida em que eleitores antipetistas enxergam nela a possibilidade de derrotar o governo atual. Por outro, serve para afundar ainda mais a campanha de Aécio, especialmente pelas perspectivas de segundo turno, no qual tem 35% contra 41% de Dilma, diante dos 45% de Marina ante 36% de Dilma, segundo Ibope divulgado em 26 de agosto.
Outra possibilidade de as pesquisas interferirem nas eleições é por meio da manipulação de seus resultados pelos institutos. Contudo, isso não pode ser comprovado antes das eleições e, nas últimas três disputas presidenciais, as estimativas divulgadas pelo Ibope e pelo Datafolha no dia da votação coincidiram com o aferido nas urnas. Ricci, no entanto, afirma que as pesquisas podem, sim, ser manipuladas. Uma das formas é fazer a sondagem por telefone, excluindo da amostra parte da população mais pobre. Um segundo mecanismo é conferir mais peso a uma ou outra região. Segundo Ricci, 60% dos entrevistados do Datafolha e do Ibope moram no Sudeste, que abriga 43% do eleitorado, ao passo que o principal apoio a Dilma vem do Nordeste. O sociólogo retoma também uma antiga teoria de Leonel Brizola. De acordo com ele, os institutos de pesquisa no Brasil sempre usaram a tática da boca do jacaré. “Eles começavam com a boca bem aberta, distante da realidade, mas, à medida que ia chegando perto do dia das urnas, eles iam diminuindo a distância entre a realidade e a boca ia se fechando.” Por fim, Ricci avalia que é possível manipular o resultado variando os índices de cada candidato dentro da margem de erro. “Há várias maneiras metodológicas e técnicas que às vezes não são exatamente má-fé, mas é a pressa de dar o dado que provoca um desvio. Então há problemas, sim”, conclui.
Por outro lado, a regulamentação das pesquisas (que hoje permite a todos os partidos políticos o aferimento de sua metodologia e dos registros dos entrevistados) e seu nível de acerto muito próximo ao das urnas apuradas corroboram a fala dos diretores e diminuem a desconfiança sobre a possibilidade de manipulação por parte dos institutos.(…) (NAVARRO, C.; BRASILINO, L. O peso das pesquisas eleitorais. In: Le monde Diplomatique, http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1716)
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Com base no texto acima e no seu conhecimento de mundo, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
A influência das pesquisas eleitorais nos votos dos eleitores
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A redação não tem limite de linhas, porém, os vestibulares no geral fornecem ao candidato uma folha pautada contendo de 30 a 40 linhas. Tente não passar desse limite. Leve em conta o tamanho da sua letra de mão na hora de escrever seu texto no computador.
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não estou conseguindo enviar minha redação hoje!!o que eu faço?
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Oi, Aline! Colocamos uma instrução nova na página de envio!
nao consigo acha omodode envio de redaçoes como faço?
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Oi, Juciara! O envio é sempre feito aqui:
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