TEXTO 1
O espaço público é considerado como aquele que seja de uso comum e posse de todos. Entendendo-se a cidade como local de encontros e relações, o espaço público apresenta, em seu ambiente, papel determinante. É nele que se desenvolvem atividades coletivas, com convívio e trocas entre os grupos diversos que compõem a heterogênea sociedade urbana. A existência do espaço público, portanto, está relacionada diretamente com a formação de uma cultura agregadora e compartilhada entre os cidadãos.
A rua é considerada o espaço público por excelência. Sendo o elemento articulador das localidades e da mobilidade, pode ser considerada a formadora da estrutura urbana e de sua representação.
(Localizado em http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_p%C3%BAblico) [protected]
TEXTO 2
O desafio do espaço público nas cidades do século XXI
Fabiano Dias
A cidade do século XX foi marcada pelo surgimento de novos lugares voltados para o espetáculo e entretenimento. As ruas, as calçadas, as praças e toda uma sorte de espaços públicos tradicionais na história urbana, foram “resignificados”, ou seja, ganharam novas conotações simbólicas e valores. O caos urbano, as velocidades dos automóveis e da vida agitada das metrópoles modernas (sintomas que já se estendem para as cidades menores), aliados a falta de segurança das ruas, criou um novo ambiente urbano muito pouco favorável para a vida comunitária nos lugares públicos, cristalizando no século XX a tendência já iniciada cem anos antes da interiorização da vida, com o surgimento de lugares que se voltam para si e menos para a cidade. Espaços climatizados e protegidos artificializam os lugares públicos ao tentarem traduzi-los como parte de sua ambientação interna. Shoppings Centers, museus e hipermercados são os novos espaços do convívio e da atração e estão ligados intrinsecamente à lógica do consumo, seja ele cultural ou de produtos industrializados de massa, que dentro desta lógica moldaram a cidade do século XX e que ainda reverberam sobre a cidade que adentra o século XXI. Salvo raras exceções, a pujança econômica deste último século, com todas as suas crises no mercado financeiro, impôs sua marca em novas obras e espaços até então inexistentes na cidade tradicional ou que nesta mesma, já começavam a despontar e anunciavam uma nova era. Inevitavelmente, estes novos lugares ganharam qualidades ambientais muito superiores aos da própria cidade, na medida em que, esta última veio sucessivamente recebendo muito menos investimentos (sejam eles públicos ou privados) para a melhoria e criação de seus espaços públicos.
O desafio do espaço público
A crise do espaço urbano de qualidade é muito maior nos países que durante este último século vieram lutando contra problemas sociais e econômicos, onde a preocupação maior não era a criação de novos lugares públicos, mas sim o atendimento de necessidades básicas de infraestrutura para suas populações que não pararam de crescer desde a explosão demográfica mundial que ocorreu a partir da década de cinquenta do século XX.
Em exemplos diametralmente opostos, temos os países da América Latina (aqui, em particular o Brasil) e os países asiáticos, que durante o século XX buscaram de imediato resolver seus problemas de infraestrutura urbana, só que em proporções muito distantes entre si, como veremos mais à frente. Enquanto isso, na Europa a atenção maior foi dada à criação de novos espaços urbanos para uma população que pouco crescia (se compararmos com os exemplos acima) e ansiava por novos lugares para o seu convívio e voltados para a cultura e o entretenimento. Fica então a pergunta: qual é a marca da cidade deste novo século? É a que busca ainda se aprimorar, crescer ordenada e planejada, mesmo em níveis diferentes ou aquela que busca algo a mais, novos lugares, novas vivências?
(…)
A retomada do espaço público nas cidades europeias
As grandes cidades europeias das últimas décadas, como Barcelona, Berlim e Paris se mantêm candidatas a criarem a marca urbana do século XXI e retomarem o lugar europeu na cultura mundial. São cidades que vem passando por grandes urbanizações desde as últimas duas décadas do século XX, onde o caos urbano foi trocado por generosos e concorridos espaços públicos, voltados aos encontros de pessoas e culturas diversas. E este é o mote primordial dessas cidades: o multiculturalismo como fomento de novos espaços e lugares. Efeitos ou não do lado “bom” da globalização, a diversidade e o acesso a outras culturas atrai a cada ano, um número crescente de pessoas a estes novos “lugares urbanos”, desfrutando de um grande mix de atividades culturais e de lazer como bares, lojas, restaurantes, teatros, cinemas, museus, eventos religiosos e folclóricos, feiras, fóruns mundiais, etc.
De uma forma muito consciente, recuperaram com grandes obras de urbanização e arquitetura – e com os maiores nomes de então do star sistem arquitetônico – o seu lugar na esfera cultural mundial. A tônica do espaço público vem como meio de recuperar suas identidades históricas e inserir estas cidades dentro de um novo conceito urbano: a cidade espetáculo. Para tanto, dentro do seu tradicional tecido urbano houve a necessidade de se criar novos lugares a partir de áreas esquecidas, abandonadas ou desvalorizadas até mesmo socialmente pela sua população. Grandes áreas portuárias desativadas como as Docklands de Londres, ou grandes áreas industriais também desativadas do Poble Nou de Barcelona e ainda áreas que margeiam a costa do mar ou rios como a da Zona Del Levante (onde ocorreu o Fórum Cultural Mundial de Barcelona de 2004) ou do Siene River Gauche em Paris, conformam dois novos tipos de intervenções contemporâneas: as “mutações” urbanas ou “exúrbias” que buscam novos limites geográficos extravasando os antigos muros do tradicional tecido urbano e as Terrain Vague, terras vagas ou vazios urbanos que se diferem das mutações por serem áreas naturais de crescimento urbano mas que ainda se mantém desocupadas ou desvalorizadas.
As mais recentes intervenções urbanas na cidade catalã de Barcelona, desta vez para sediar o Fórum Mundial das Culturas no ano de 2004, exemplificam muito bem a forma como as grandes cidades europeias vêm encarando a constituição de seus espaços públicos. Barcelona, que passou por sucessivas reurbanizações desde a última década do século XX e sempre teve como mote o acontecimento de algum grande evento mundial (como por exemplo, as Olimpíadas de 1992 e o por último, o Fórum em 2004) para urbanizar extensas áreas abandonadas ou desvalorizadas pelo seu uso pouco integrado ao tecido urbano (áreas industriais decadentes, áreas portuárias, áreas destinadas à instalação de sistemas de infraestrutura, etc.), vem nesta última “mutação” urbana ocupar a região nordeste da cidade, conhecida como Zona Del Levante onde se encontram atualmente áreas pouco valorizadas devido à presença da estação de tratamento de águas residuais, a central termoelétrica e a incineradora de lixo da cidade.
São áreas relegadas exclusivamente à infraestrutura da cidade, que pouco dialogam com o seu tecido urbano e localizados em um ponto muito caro a cidade, em sua região costeira, concluindo assim esta sequência de urbanizações que buscavam redirecionar a cidade ao mar. Mas desta vez, as funções básicas desta área foram mantidas e melhoradas além de novas intervenções que criaram novos espaços públicos que dividem o lugar com extensos parques arborizados, totalmente integrados com os edifícios públicos que inicialmente sediarão os eventos do Fórum de 2004 e terão outros usos futuros, além de edifícios de uso privado, como residências e hotéis que garantiram a presença e a circulação de pessoas, e consequentemente, de vida deste novo espaço público europeu.
Estas grandes urbanizações inseriram novamente a Europa no panorama cultural mundial após a hegemonia americana pós segunda guerra. A vontade de transformar cada cidade em novos lugares da cultura mundial, seja ela um grande centro histórico e cultural como Paris, Londres ou Berlim, ou mesmo alçar as pequenas cidades aos holofotes da mídia como o ocorrido com a cidade de Bilbao na Espanha, por exemplo, é a marca destas novas urbanizações europeias, que se completam com objetos-espetáculos urbanos, ou seja, novos prédios, parques e espaços públicos criados pelas mentes dos mais famosos nomes da arquitetura contemporânea, e que por si só são fortes elementos urbanos, como signos desta nova era europeia. Vide aí, o Museu Guggenheim de Bilbao do Arquiteto Frank O. Gery, a Pirâmide do Louvre de I. M. Pei, o Arco de Tête de La Defénse de Johan Otto von Spreckelsen, entre outros tantos projetos que levaram estas cidades às páginas dos jornais, revistas e noticiários da TV (além de documentários próprios).
Ficam aqui as críticas para as cidades-espetáculo e seus objetos – que em muitas vezes sãos mais espetaculares que as próprias, se estes conseguem dentro de seu discurso no mínimo atender aos problemas sociais e urbanos que ainda carregam principalmente os de moradia popular. Mesmo com todo o seu desenvolvimento social e econômico, muitas destas cidades enfrentam problemas quanto à massa de excluídos do sistema, como ocorre em Berlim após a unificação das duas Alemanhas, Paris e sua urbe de imigrantes e Barcelona e seus bairros fora do eixo das urbanizações e de infraestrutura precária. Percebemos então, que o alcance destas urbanizações se limita em muitos casos até aonde a vista do poder financeiro consegue enxergar dividendos, principalmente em áreas onde o conflito social direto seja o menos perigoso possível.
(Localizado em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.061/453)
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O espaço público é um assunto que deveria estar na pauta das prefeituras das cidades brasileiras. A pergunta “como transformar o espaço público em um lugar para todos?” deveria ser um ponto de orientação dos programas de infraestrutura urbana. Levando em conta os textos acima, esta pergunta e o seu conhecimento de mundo, escreva uma redação dissertativa argumentativa sobre o seguinte tema:
Como o brasileiro vê o espaço público?
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A redação não tem limite de linhas, porém, os vestibulares no geral fornecem ao candidato uma folha pautada contendo de 30 a 40 linhas. Tente não passar desse limite. Leve em conta o tamanho da sua letra de mão na hora de escrever seu texto no computador.
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