VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL

Na famosa obra cinematográfica “Grey’s anatomy”, a roteirista Shonda Rhimes traz à tona, em diversos episódios, a imprudência médica como precursora de uma gama de impasses, inclusive a violência obstétrica. Fora das telas, no Brasil, há um cenário semelhante ao retratado, o qual é caracterizado pela constante deturpação dos direitos das parturientes. Nesse sentido, convém analisar as causas, consequências e uma possível intervenção para a problemática.

Precipuamente, é válido salientar os fatores que corroboram a existência do obstáculo, como o crescente individualismo na sociedade contemporânea. Seguindo essa ótica, consoante ao pensamento do sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman, em seu livro “Modernidade líquida”, a lógica hipercapitalista resulta em um distanciamento progressivo entre o indivíduo e a empatia necessária para consolidar a coesão social. Isso posto, depreende-se que em um país, cujas pessoas tendem a, cada vez mais, preocuparem-se exclusivamente consigo, cria-se um quadro negativo e compatível com a proliferação do egocentrismo e, subsequentemente, da violência obstétrica nos hospitais brasileiros.

Paralelo a isso, é profícuo ressaltar os resultados do tema em debate. Sob esse viés, de acordo com dados da revista Veja, 25% das mulheres já sofreram algum tipo de agressão durante o período do parto, como ausência de alimentação além do tempo permitido e cirurgia sem anestesia. Percebe-se, então, que, apesar da Constituição Federal de 1988 garantir os direitos à segurança, à vida e ao bem-estar, muitas gestantes acabam sendo transgredidas e impedidas de desfrutar itens basilares constatados em lei. Logo, é notório e indubitável a seriedade do pilar em discussão, uma vez que seus efeitos são intoleráveis e, por conseguinte, passíveis de resolução.

Torna-se, portanto, imprescindível a tomada de uma medida atenuante para o entrave. À vista disso, é de incumbência do Governo Federal, com a ajuda da mídia – atual agente protagonista na disseminação de informações e na formação de opinião, criar campanhas informativas sobre a violência no parto, por meio de postagens nas redes sociais dos ministérios, em que constem dados sobre as consequências e, principalmente, a importância da empatia para amenizar os índices de intransigência. Ademais, é mister que o Ministério da Saúde promova campanhas de capacitação, nas universidades de medicina, a fim de formar médicos mais qualificados no tocante aos cuidados no parto. Assim, observar-se-á um panorama positivo e distante do descrito em “Grey’s anatomy”.

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