Trabalho e saúde mental

            Extensas jornadas diárias, trabalho além do expediente, horários irregulares, falta de rotina e ambientes insalubres são apenas alguns dos problemas enfrentados por profissionais diariamente. Independente da área ou da remuneração, pesquisas do Laboratório de Saúde do Trabalhador da UnB apontam um aumento de 260% no número de afastamentos por doenças mentais decorrentes do trabalho entre os anos de 2000 a 2006.

            O mundo passa por uma alteração em sua estrutura tecnológica. O professor alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, indica ser o fim da terceira revolução industrial e início da quarta. As tecnologias modificaram a forma e velocidade de comunicação e de, consequentemente, otimizar a produção diária em todos os setores. Alteraram e continuam alterando nossos centros urbanos, geografia, modos de produção e entretenimento.

            O trabalho no Brasil é regido pela CLT desde 1943, com algumas reformas mínimas ao longo do tempo, majoritariamente preconizando as condições de trabalho. A lógica capitalista exige sempre mais produção do funcionário, o que foi possibilitado pelas tecnologias, mas as leis trabalhistas não acompanharam as mudanças, levando os empregados ao esgotamento físico e mental.

            De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, em pesquisa realizada em 2018, o Brasil ocupava o 2º lugar no ranking de maior concentração de renda no mundo, onde o 1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país. O IBGE, em censo realizado no primeiro trimestre de 2020, aponta que cerca de 13.000 pessoas estão desocupadas no Brasil, ou seja, fazem parte da força de trabalho, mas não encontram colocação.

            Em um lugar com tamanha desigualdade social e desemprego, não é necessária maior exploração de funcionários e tantos patrões milionários ou bilionários. É necessário que o governo reveja as leis trabalhistas, diminuindo carga horária sem redução salarial, como já fizeram países como Holanda e Dinamarca, o que criará novos postos de trabalho, ajudando a diminuir o desemprego. Ainda é necessário que regulamente e fiscalize devidamente jornadas diárias, horas extras e locais de trabalho, assim como invista em segurança do trabalho e acompanhamento psicológico em parceria com as próprias empresas, com estímulo fiscal. Quanto mais rápido as empresas e governo entenderem que um funcionário satisfeito e descansado produz bem mais que um com medo ou insegurança, melhor será para o desenvolvimento de todos.