Tema : O acesso ao lazer no Brasil

Na Roma Antiga, o “Pão e Circo” era um programa em que, por meio do entretenimento do povo, mascarava problemas sociais da época. Embora a política tenha mudado, a diversão continua sendo uma necessidade humana. Porém, no Brasil hodierno, o lazer não é vantajoso para a maior parte da população e, dessa forma, a acessibilidade de tal recurso é precarizada. Esse fato é um reflexo do comodismo gerado pela revolução tecnológica em consonância com o alto preço das atividades recreativas.

Primeiramente, o advento da internet gerou a acomodação da sociedade atual. Isso porque as formas de entretenimento convencionais foram facilmente substituídas por maneiras de se divertir em rede. Uma vez que, por necessitarem de uma logística simples e um custo relativamente baixo, as novas tecnologias facilitam o acesso ao lazer, ao contrário dos modos tradicionais. Por exemplo, é possível visitar, virtualmente, museus famosos por meio do “Google Street View” sem ter qualquer custo adicional para tal. Mas, embora seja saudosismo, as recreações convencionais, como o cinema, devem ser valorizadas e resgatadas culturalmente.

Outrossim, o lazer está, comumente, restrita a uma elite de capital. Nessa perspectiva, é válido destacar que tal forma de diversão deveria ser, progressivamente, acessível ao povo, assim como aconteceu com a educação e a saúde. Entretanto, na realidade, as maneiras de entretenimento se elitizaram e, desse modo, tornaram-se programas caros para a classe baixa da população brasileira. Um exemplo disso é que uma passagem aérea nacional é aproximadamente um terço do salário mínimo, logo, nota-se que para a massa, em geral, um passeio, ainda que no próprio país, é um “privilégio de rico”.

Portanto, é evidente que o lazer não é uma vantagem logística e financeira para o indivíduo brasileiro e, por isso, deve haver uma intervenção governamental. Para que o entretenimento seja um recurso acessível e barato para a população, é necessário que o Ministério da Cidadania realize projetos de construção de cinemas, teatros e bibliotecas, de modo que famílias com até um salário mínimo e meio poderão usufruir desses programas de forma gratuita. Isso pode ser feito com o capital de um imposto cobrado do cigarro com até 5% do seu valor. Então, o lazer poderá ser um “privilégio de todos” em vez de um “privilégio de rico”.