Em sua obra “Cidadão de Papel”, o célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca da inefetividade constitucional que fragiliza a cidadania no Brasil. Nesse sentido, embora a Constituição Cidadã afirme o direito de ir e vir como fundamental, os crescentes desafios no que tange à mobilidade urbana no Brasil inviabilizam a efetivação dessa premissa – o que confirma a tese de Dimenstein. Com efeito, hão de ser analisadas as causas que corroboram esse cenário inconstitucional: a insuficiência do transporte coletivo e a escolha majoritária por automóveis como transporte individual.
Em primeiro plano, cabe pontuar que a falta de diversificação dos modais de transporte público – devido à política do rodoviarismo – torna-o caro e ineficiente. Nesse viés, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda afirma que o interesse privado prevalece sobre o público no território brasileiro. Sob essa ótica, constata-se que, embora as ferrovias e hidrovias possuam melhor custo-benefício e sejam mais adequadas para um país de dimensões continentais, o transporte rodoviário é conveniente aos interesses corporativos, o que faz com que este seja priorizado – tal como denunciado por Sérgio Buarque. Por conseguinte, não há alternativas para atender o excesso de passageiros que dependem do transporte público, além de ocorrer crescente aumento nas passagens: fatores que restringem o direito à cidade àqueles que residem em áreas centrais, intensificando a segregação socioespacial.
Ademais, culturalmente os automóveis são vistos como a melhor e mais adequada opção de transporte individual, fato que precisa ser superado, visto que essa percepção causa malefícios ao meio ambiente e aumenta exponencialmente o trânsito. Nessa perspectiva, Max Weber – um dos fundadores da sociologia- afirma que o capitalismo causou inúmeros retrocessos sociais. Assim, a tese de Weber é confirmada no panorama contemporâneo, uma vez que junto a esse sistema econômico surgiu uma atribuição de valores pessoais aos bens materiais: possuir um carro ou uma moto, por exemplo, tornou-se sinônimo de poder e prestígio. Além disso, o Poder Público – também imerso na lógica capitalista – não investe em ciclovias, o que dificulta ainda mais a mudança desse paradigma. Dessa forma, modais particulares sustentáveis, mais baratos e promotores da saúde, como a bicicleta, são subaproveitados.
Portanto, o Governo Federal deve promover a diversidade dos modais de transporte por meio do direcionamento das verbas destinadas a esse setor para a construção de ferrovias, hidrovias e ciclovias, com a finalidade de construir cidades mais integradas e, consequentemente, mais democráticas. Somado a isso, a mídia – quarto poder – deve atuar na mudança da mentalidade social acerca da bicicleta e demais transportes alternativos, destacando as vantagens destes -como a queda na emissão de CO2, por exemplo- por intermédio de ficções engajadas e propagandas, a fim de que os cidadãos possam fazer escolhas mais conscientes. Com essas medidas, a mobilidade urbana será eficiente e sustentável e a cidadania será concreta no Brasil.
LeticiaBF
Ótimo texto!
Seu repertório é bom, você usou conectivos, consegui identificar sua tese e gostei da conclusão, só acho que os parágrafos são muito grandes, tente compactar suas ideias. No papel esse texto tem 30 linhas? Por que isso é uma regra do enem.
Vi poucos erros gramaticais, parabéns e continue treinando!!!
Adlamilly
Tema: Mobilidade Urbana
Em sua obra “Cidadão de Papel”, o célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca da inefetividade constitucional que fragiliza a cidadania no Brasil. Nesse sentido, embora a Constituição Cidadã afirme o direito de ir e vir como fundamental, os crescentes desafios no que tange à mobilidade urbana no Brasil inviabilizam a efetivação dessa premissa – o que confirma a tese de Dimenstein. Com efeito, hão de ser analisadas as causas que corroboram esse cenário inconstitucional: a insuficiência do transporte coletivo e a escolha majoritária por automóveis como transporte individual.
Em primeiro plano, cabe pontuar que a falta de diversificação dos modais de transporte público – devido à política do rodoviarismo – torna-o caro e ineficiente. Nesse viés, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda afirma que o interesse privado prevalece sobre o público no território brasileiro. Sob essa ótica, constata-se que, embora as ferrovias e hidrovias possuam melhor custo-benefício e sejam mais adequadas para um país de dimensões continentais, o transporte rodoviário é conveniente aos interesses corporativos, o que faz com que este seja priorizado – tal como denunciado por Sérgio Buarque. Por conseguinte, não há alternativas para atender o excesso de passageiros que dependem do transporte público, além de ocorrer crescente aumento nas passagens: fatores que restringem o direito à cidade àqueles que residem em áreas centrais, intensificando a segregação socioespacial.
Ademais, culturalmente os automóveis são vistos como a melhor e mais adequada opção de transporte individual, fato que precisa ser superado, visto que essa percepção causa malefícios ao meio ambiente e aumenta exponencialmente o trânsito. Nessa perspectiva, Max Weber – um dos fundadores da sociologia- afirma que o capitalismo causou inúmeros retrocessos sociais. Assim, a tese de Weber é confirmada no panorama contemporâneo, uma vez que junto a esse sistema econômico surgiu uma atribuição de valores pessoais aos bens materiais: possuir um carro ou uma moto, por exemplo, tornou-se sinônimo de poder e prestígio. Além disso, o Poder Público – também imerso na lógica capitalista – não investe em ciclovias, o que dificulta ainda mais a mudança desse paradigma. Dessa forma, modais particulares sustentáveis, mais baratos e promotores da saúde, como a bicicleta, são subaproveitados.
Portanto, o Governo Federal deve promover a diversidade dos modais de transporte por meio do direcionamento das verbas destinadas a esse setor para a construção de ferrovias, hidrovias e ciclovias, com a finalidade de construir cidades mais integradas e, consequentemente, mais democráticas. Somado a isso, a mídia – quarto poder – deve atuar na mudança da mentalidade social acerca da bicicleta e demais transportes alternativos, destacando as vantagens destes -como a queda na emissão de CO2, por exemplo- por intermédio de ficções engajadas e propagandas, a fim de que os cidadãos possam fazer escolhas mais conscientes. Com essas medidas, a mobilidade urbana será eficiente e sustentável e a cidadania será concreta no Brasil.
C1
Desvios 100
Estruturas sintáticas 100
C2 abordagem completa 20
esses pontos são porque no desenvolvimento 2 acho que você acabou se distanciando um pouco da temática mobilidade urbana, poderia argumentar que o sistema capitalista gera na gente o sentimento de que ter os automóveis poluentes em específico é sinônimo de prestígio, logo nós damos prioridade a esse tipo de automóvel e ISSO PREJUDICA A MOBILIDADE URBANA NA QUESTÃO DA SAÚDE, uma vez que esse também é um direito ligado a mobilidade
Texto dissertativo argumentativo 40
Repertório legítimo 40
Pertinente 40
Produtivo 40
C3 projeto de texto 50
defesa ponto de vista 50
desenvolvimento 25 só o D2 mesmo
Autoria 50
C4 conectivos interparagrafais 40
Itraparagrafais 40
Função correta 40
Repetição conectivos 40
Repetição palavras 20 palavra “transporte”
C5 agente 40
Ação 40
Meio/modo 40
Finalidade 40
Detalhamento 20 senti falta do detalhamento na 1 proposta de intervenção
Total: 920
ESSE TEXTO TÁ ÓTIMO!!!
[email protected]
òtima redação!! Parabéns!
“Por conseguinte, não há alternativas para atender o excesso de passageiros que dependem do transporte público,**** além de ocorrer crescente aumento nas passagens***: fatores que restringem o direito à cidade àqueles que residem em áreas centrais, intensificando a segregação socioespacial.”
Não entendi muito bem essa parte, acho que faltou detalhar o que são esses aumentos. Não fica claro se trata-se sobre aumento no valor das passagens, aumento nas rotas ou até aumento na procura por passagens para comprar, por exemplo
Mais uma vez, parabéns pela ótima redação!