Tema ” Desafios para a formação Educacional dos surdos no Brasil”

Tema ” Desafios para a formação Educacional dos surdos no Brasil”

     Em sua obra “cidadão de papel” o célebre escritor Gilberto Dimenstein dissertou que, só há efetivação da democracia quando se garante os direitos fundamentais de um povo. A discussão levantada por Dimenstein continua válida nos dias atuais, como visto a partir do alto índice de deficientes auditivos que não possuem formação educacional, fator que os exclui da cidadania. Com base nesse viés, é válido discutir a principal razão para a formação educacional dos surdos promover a democracia, bem como principal entrave que impede que tantos deles não se formem.
     Com efeito, nota-se que a importância da formação do deficiente auditivo para a democracia se relaciona com sua alta capacidade de promover um sentimento de “justiça cidadã”. Tal situação ocorre porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso, visto que, desde 1500, a nação brasileira que têm sido formada é altamente capitalista, buscando apenas o lucro como objetivo mor, sendo constantemente excluídos os indivíduos que geram despesas- como no caso dos deficientes que precisam de equipamentos especiais em sala, por exemplo. Logo, a sociedade brasileira contraria os dizeres do artigo 6º promulgado na Constituição de 1988: o direito à educação a todos. Assim, a formação educacional dos surdos funciona como uma espécie de âncora para um grupo com constante sentimento de injustiça cidadã, e garante na prática real democracia.
      Ademais, o principal entrave que impede que tantos deficiêntes auditivos não se formem é o perfil da educação brasileira, a qual não possui classes especiais suficientes para esse público. Isso ocorre porque, assim como dito pelo sociólogo Émile Durkheim, as escolas brasileiras “não conhecem o contexto em que estão inseridas e por isso não agem nele”, não reconhecendo, portanto, o que se deve existir numa classe inclusiva  . Nota-se então, a partir dessa educação falha, a formação de cada vez mais escolas que não reconhecem seus máximos deveres: o de incluir a pessoa com surdez. Assim, forma-se um ciclo de desigualdade, observado no fato de a maioria surda estar matriculada em classes comuns, sem a devida a preparação, segundo o Inep, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Forest Fernandes, uma nação com acesso à educação de qualidade não sujeitaria seu povo a precarias condições de cidadania, como as vistas com tal segmento social.
   Destarte, os desafios para formação educacional do deficiente auditivo deve ser sanado. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação (ME), reforce políticas de instrução às escolas acerca dos seus deveres para com o surdo. Tal  ação deve ocorrer por meio da criação de um projeto nacional de “inclusão total”, o qual irá promover, nas escolas dos mais de 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância da formação educacional do surdo para uma sociedade verdadeiramente democrática, os quais acontecerão nas aulas de sociologia e explicarão detalhadamente o que uma sala inclusiva possui. Isso deve ocorrer a fim de formar escolas que, ciente de seus deveres alcancem a efetiva democracia dita por Dimenstein.