Tema: Consequências da cultura do cancelamento.

A série estadunidense “Gossip Girl” retrata a vida polêmica de jovens da elite de Manhattan, que eram, em um curto período de tempo, amados e “cancelados”, fato que dependia da “garota do blog”. Fora da ficção, a situação abordada na série ianque alcança a realidade, haja vista o atual panorama permeado pela cultura do cancelamento. Logo, urge analisar e eliminar as consequências dessa postura social, dentre as quais: os danos psicológicos causados aos internautas e o prejuízo à liberdade de expressão.

Decerto, o cancelamento impacta sobremaneira a saúde mental dos usuários da arena virtual. Nesse prisma, Sigmund Freud, pai da psicanálise, elaborou o termo “Mal-Estar Social” com o intuito de designar o ambiente desfavorável criado pela aspiração comunal à perfeição geral. Paralelamente, nota-se que a procura dos internautas por posicionamentos e por comportamentos que acentuem suas popularidades gera transtornos psicossociais, uma vez que os cidadãos impõem a si próprios as necessidades de se encaixarem no padrão e de seguirem a norma. Prova disso é a cantora Taylor Swift, cujos ataques e cancelamentos sofridos por ela, desde o início de sua carreira, tiveram como consequência os distúrbios alimentares e a depressão. Então, é fundamental desperenizar essa conduta coletiva com a finalidade de reverter a circunstância apontada por Freud.

Ademais, a cultura da imposição da baixa estima pública representa ônus ao livre-arbítrio de opinião. Consoante isso, o autor brasileiro Lima Barreto, na sua obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, narra a desventura de um funcionário público patriota que finda sendo fuzilado apenas por apresentar um ponto de vista peculiar sobre o Brasil. Desse modo, o cancelamento pode prejudicar a expressão da liberdade individual, posto que os indivíduos acabam tornando-se receosos em compartilhar uma opinião que vai de encontro ao posicionamento geral. Em decorrênca disso, a internet, que deveria ser um ambiente de discussões democráticas, torna-se um espaço de imposição de concepções. É crucial, pois, ampliar ações educativas que visem a estabelecer a tolerância na convivência digital para que histórias, como a de Policarpo Quaresma, não se repitam.

Portanto, é importante enfrentar e minimizar as consequências da cultura do cancelamento. Nessa óptica, o Ministério da Educação, em parceria com as mídias digitais, deve realizar campanhas de inferência na arena virtual, as quais serão divulgadas por meio de vídeos dinâmicos, de textos educativos, de ações de publicidade e da adoção da disseminação da “hashtag” “#prefiraodiálogo”. Tal ação objetiva desconstruir a conduta de “cancelar” e incentivar o debate nos espaços da internet. Outrossim, cabe ao Ministério da Saúde criar e potencializar canais de atendimento na web, como o Centro de Valorização da Vida. Esses portais devem disponibilizar os serviços de psicólogos e de psiquiatras com o propósito de auxiliar os cidadãos que sofreram algum dano psicológico devido às interações cibernéticas. Por conseguinte, estabelecer-se-ão condições para atenuar esse comportamento que excluí, de modo que parte de “Gossip Girl” se resumirá à ficção.