Tema “caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

Na novela “Cúmplices de um Resgate” exibida pela rede televisiva SBT, são retratadas  cenas constantes de intolerância religiosa entre duas personagens mães, as quais, divergentemente, fazem parte da religião católica e protestante, onde diariamente se agridem fisica e verbalmente fomentando assim o preconceito religioso.
    A cena observada em “cúmplices” ainda pode ser presenciada diariamente fora das “telinhas”, como visto a partir do alto índice de indivíduos que sofrem intolerância religiosa no Brasil, fator que gera uma cidadania injusta.
      Com base nesse viés, é válido discutir  a importância do fim da intolerância religiosa para a cidadania, bem como a principal razão para que tantos cidadãos ainda sofram com ela.

    Com efeito, nota-se que a importância do fim ao preconceito entre as religiões para a cidadania se relaciona com sua alta capacidade de proporcionar um sentimento de “pertencimento cidadão”. Tal situação ocorre porque, desde a colonização esse sentimento é escasso, visto que, desde 1500, a população brasileira formada é altamente Judaica, Cristã ou protestante, e desenvolveu-se uma aversão as demais religiões- principalmente entre às afrodescendentes, as quais eram muitas vezes consideradas “demoníacas”. Logo, a sociedade brasileira contradiz a lei do Estado Laico, assegurado na Constituição ainda em 2016, e o direito as diversas manifestações de culto acaba rompido. Desse modo, o findar da intolerância religiosa funciona como uma espécie de âncora para um grupo com escasso sentimento de “pertencimento cidadão”, e garante diretamente o direito básico a  livre adoração, fomentando uma cidadania harmônica.

    Ademais, o principal entrave que instiga  que tantas pessoas ainda sofram a intolerância religiosa é o perfil da educação brasileira, a qual se preocupa apenas com abastecimento do mercado interno. Isso ocorre porque, assim como afirmado pelo sociólogo José Murilo Carvalho, observa-se hodiernamente, a formação de uma “cidadania operária”, onde a população não é estimulada a desenvolver o pensamento crítico e é  idealizada apenas para a exploração. Nota-se então, a partir dessa educação falha, uma maior dificuldade de formar pessoas que reconheçam casos de intolerância e os denunciem as autoridades. Assim, forma-se um ciclo de desigualdade, observado no fato de, em 2013, 20% dos casos de intolerância envolverem agressão física, confirmando assim o que disse o físico Einstein: ” É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”.
  Destarte, a questão do alto índice de intolerância religiosa deve ser sanada. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação (ME) reforce políticas de instrução à população acerca de seus direitos e deveres. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um projeto Nacional de “justiça na cidadania”, a qual irá promover, nas escolas dos mais de 5.570 municípios brasileiros, debates acerca da importância de se identificar e denunciar casos de intolerância religiosa para uma cidadania igualitária, os quais irão ocorrer através de uma nova matéria na escola dita “diversidade religiosa”. Isso deverá ocorrer afim de formar cidadãos que, cientes de seus direitos e deveres, extingam cenas de preconceito e violência, como as vistas em “Cúmplices de um Resgate”.