Tema: A questão dos jovens que nem estudam nem trabalham no Brasil

“Geração sem, sem, sem: sem estudo, sem estímulo, sem oportunidade.” A paráfrase da fala de um universitário da periferia de Fortaleza demonstra uma vertente da problemática da geração nem-nem que tem aumentado seus números anualmente no Brasil pós-moderno. Diante disso, torna-se alvo de discussão os desafios enfrentados pelos jovens para cumprir seu papel na sociedade, principalmente, em relação à falta de oportunidades, bem como a carência de um referencial preparado.

É primordial ressaltar que as oportunidades de estudo e trabalho foram reduzidas para os jovens. Isso porque, a crise que teve início em 2014 no país aumentou o número de desempregados — segundo a especialista em mercado de trabalho Débora Barem —, o que diminuiu a renda e dificultou para os jovens e suas famílias custearem os estudos. Nesse viés, cabe pontuar que a sociedade brasileira se mostra omissa com relação ao acesso às chances de trabalho e realização de cursos de especialização que são negadas a juventude. Por consequência, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela de jovens nem-nem que era de 18,6% em 2014 aumentou para 20,8% em 2017. Desse modo, é preciso oferecer oportunidades aos adolescentes que apresentem resultados a curto prazo.

Cabe ressaltar, ainda, que faltam estímulos para os jovens estudarem, visto que os pais geralmente são um referencial que não concluiu os estudos. A juventude tende a assimilar como exemplo aquilo com que tem contato — conforme teoria da Tábula Rasa de John Locke —, logo, forma-se a ideia de que eles não precisam concluir o ensino médio e, assim, passa para a escola o papel de incentivar a continuidade dos estudos. No entanto, nota-se que o Brasil não é exemplo no quesito educação, uma vez que o maior referencial escolar é o professor e este tem sua profissão neglicenciada pelo Estado e pela sociedade. Dessa maneira, é necessário fornecer condições pedagógicas adequadas ao docente.

Depreende-se, portanto, a urgência de solucionar a questão desses jovens que não estudam e nem trabalham. Para tanto, incumbe ao Poder Executivo a ampliação de projetos como o Projeto Superação do Instituto Dragão do Mar (IDM) que é vinculado à Escola Criativa e fornece bolsa para estudantes, para ajudá-los a fazer cursos específicos e de curta duração, com o objetivo de formar profissionais qualificados e aptos a se inserirem imediatamente no mercado de trabalho. Ademais, urge ao Ministério da Educação auxiliar financeiramente professores da rede pública a se qualificarem e melhorar a remuneração desses profissionais, com a finalidade de oferecer a juventude referenciais qualificados que os incentivem a estudar e trabalhar. Espera-se, com isso, oferecer estudo, estímulo e oportunidades aos jovens brasileiros e mitigar a problemática da geração nem-nem.