SELFIE: NARCISISMO OU INTERAÇÃO SOCIAL?

Em “A Sociedade do Espetáculo”, livro do filósofo Guy Debord, as pessoas fazem uma performance para entreter uns aos outros com uma “perfeição” que não existe, atitude influenciada pela dominação do capitalismo. Infelizmente essa problemática não se limita apenas à obra, pois a sociedade contemporânea, por meio das redes sociais, busca mostrar uma vida perfeita para entrar num padrão social promovido pela mentalidade capitalista. Assim, dentre os fatores que comprovam essa realidade, pode-se destacar não só a atuação falha da mídia, como também a influência do capitalismo na indústria do corpo perfeito.

Em primeiro ponto, o poder midiático tem intervenção nas opressões por meio de padrões estéticos. Isso ocorre pois a mídia promove a imagem do corpo perfeito sendo magro,  nariz fino e cabelos lisos; fotos em  redes sociais mostrando uma “vida perfeita”, dando a ilusão de que aquela é a única realidade admissível. Essa estereotipação do “aceitável” afeta principalmente as mulheres. Como consequência disso, surge a baixa autoestima que, na maioria das vezes, é causada pela comparação que é feita entre as mesmas. Nesse sentido, a idealização do ser perfeito, de acordo com os padrões estéticos impostos pela sociedade, gera insatisfação e a falta de amor próprio. 

 Outrossim, a indústria capitalista se aproveita se promover. Dessa maneira, o sistema mercadológico ajuda a estimular a criação de padrão a ser seguido a partir do uso de produtos e procedimentos estéticos, e a partir da criação de um estereótipo de beleza dentro da estrutura social, aqueles que não alcançam tais expectativas são discriminados. Como consequência disso, as pessoas se sujeitam a inúmeros processos interventivos a fim de se atender o que a sociedade cobra. Exemplo dessa situação são as mulheres negras, que alisam os cabelos pois creem que essa é a saída para sofrer menos discriminações e preconceitos. 

 Sendo assim, é de suma importância medidas para solucionar o impasse. Dessa forma, a mídia, juntamente com empresas de beleza e publicidade, devem mostrar para a população a diversidade de pessoas com corpos e belezas diferentes dos já padronizados por meio de propagandas televisivas e publicações nas redes para incentivo de aceitação e a despadronização. Ademais, o governo precisa promover palestras sobre a não existência da vida perfeita e padrões estéticos em escolas, empresas e comunidades. Posto isso, a sociedade enxergará a ligação do capitalismo com a pressão estética e gozará amor próprio.

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