REDAÇÃO: Impasses no processo de adoção no Brasil

Olá, corrigir estilo Enem e pf deixa as notas de cada competência.

Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, a família caracteriza-se como núcleo fundamental de cada indivíduo, uma vez que esta proporciona o primeiro contato do ser humano com a sociedade na qual será inserido. No entanto, ao observar a dinâmica do processo de adoção no Brasil, percebe-se que inúmeras crianças e adolescentes estão sendo impedidos de vivenciarem essa importante experiência social. Nessa perspectiva, tal fato é diretamente motivado por enormes questões de ordem burocrática e incompatibilidade dos perfis, que os interessados na adoção vivenciam.

Deve-se pontuar, de início, que o existente e duradouro tempo de espera para a admissão dos processos dificulta para a efetivação deste. Nessa perspectiva, observa-se que durante esse tempo as crianças crescem e, quanto mais velhas, mais difícil fica de serem escolhidas pelas famílias interessadas em adotar. Nesse âmbito, a sanção de uma lei pelo ex-presidente Michael Temer, inclusa no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deu novos prazos para o processo adotivo, visando diminuir o tempo de espera. Contudo, o sistema de perfilhação ainda não se alterou, mesmo com a admissão da lei, já que o setor judiciário se mantém lento com os processos jurídicos.

Outrossim, vale ressaltar que apenas encurtar a espera não resolve plenamente o problema, já que a disparidade entre os perfis de crianças buscados e os existentes são outro grande empecilho. Nesse contexto, segundo dados do Cadastro Nacional de Adoção, 80% dos pais que desejam adotar procuram crianças com menos de 3 anos, o que corresponde a menos de 7% dos órfãos. Nesse ínterim, observa-se que a medida que os anos se passam as crianças vão crescendo e fica mais difícil de serem adotadas, devido à preferência dos dispostos para adotar. Logo, com a diferença da predileção existente e a enorme burocracia as crianças ficam esquecidas nos lares de adoção e, consequentemente, não serão perfilhadas.

Fica clara, portanto, a necessidade da adesão de medidas que visem mitigar as contrariedades do tema. Destarte, as ONGs, amparadas pelo Estatuto da Criança e Adolescente, devem promover a implementação de campanhas anuais de incentivo à adoção, com estímulo à perfilhação de perfis menos aceitos, com o fito de aumentar os índices de acolhimento no país e dar a mais crianças um lar familiar. Ademais, o Poder Legislativo, mediante novos projetos de lei, deve alterar as enormes exigências solicitadas para adoção, na intenção de possibilitar novos pedidos desta. Assim, o conceito de família, proposto por Pierre Bourdieu, tornar-se-á frequente na vida de mais crianças brasileiras.