Quem tem direito à cidade?

O revolucionário socialista Karl Marx afirmou “ Até agora os filósofos se preocupam em interpretar o mundo. O que realmente importa é transformá-lo”. Em analogia ao pensamento crítico do século XIX, a população sofre com a necessidade de mudar a realidade de muitos cidadãos moradores de rua. Entretanto, mesmo sabendo que todos têm direito à cidade, a política higienista e a falta de investimento mantém essa situação inerte. Logo, é essencial explorar soluções para a sociedade contemporânea manter-se em equilíbrio.

Em primeira análise, uma nova configuração para ver o mundo foi instalada: Limpeza social. O poder político vem instalando uma promoção de alterar o visual das cidades para deixá-la sem poluição, segundo a matéria de Gazeta do Povo publicada em 2016. Porém, essa tentativa não se trata da retirada de mendigos para ajudá-los a se inserirem na sociedade, e sim priorizar o conceito ótico das ruas em que eles instalam-se. Desta forma, os direitos constitucionais deixam de efetivar o respeito por esses indivíduos.

Em segunda análise, não há cooperação para que o público vulnerável tenha auxílio efetivo. Nesse viés, destaca-se a atitude repugnável do ex-prefeito de São Paulo, F. Haddad, ao confiscar colchões e papelões de moradores de rua, objetos usados para abrigar-se do frio. Nessa ótica, as medidas que fariam eles irem aos abrigos apenas ocasionou revolta na população, isso mostra como os investimentos humanitários não recebem devida atenção. Consequentemente, como diz a Revista Época, Haddad declarou-se arrependido ao repensar o fato e deve repensar nos investimentos sociais.

Portanto, urge alternativas para trazer plenitude aos cidadãos brasileiros. O Ministério Público deve investir em atos humanitários por meio da instalação de albergues próximos aos centros urbanos, uma vez que é onde se concentra a maior parte dos moradores de ruas. Nesse sentido, eles poderão escolher um lugar decente para se abrigar para que as cidades possam seguir a ótica limpa e, principalmente, acolhedora. Somente assim, a apologia transformadora de Marx estará sendo praticada, tornando as cidades brasileiras um direito de todos.