Principais entraves para a redução das queimadas no Brasil

Na série de curtas “Fim dos tempos”, produzida e lançada pela Netflix dias antes da última reunião do G-20, vários problemas ambientais são retratados de forma satírica em filmes de 1 a 3 minutos de duração. Em um dos episódios, um homem corre de uma queimada provocada por um rico agricultor na floresta amazônica, até chegar no cerrado brasileiro e observar um homem deixando cair uma bituca de cigarro no chão. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada na série pode ser relacionada àquela do Brasil: a redução da ocorrência de queimadas no território nacional enfrenta, como principais obstáculos, a falta de consciência da sociedade e o avanço da fronteira agrícola.

Primordialmente, é importante destacar que a insuficiente educação ambiental recebida pelo tecido social vigente, no Brasil hodierno, configura um entrave para a problemática analisada. Segundo o filósofo e ativista político Thomas Hushmore, nascido nos EUA, o conhecimento sobre o meio ambiente é de significativa importância para todos os indivíduos, pois a sua falta desencadeia males não só na natureza, mas também no modo de vida contemporâneo. Nessa perspectiva, pode-se notar que parte das pessoas, ao jogar corpos inflamáveis nos limites do bioma Cerrado em dias secos, possui alta probabilidade de causar um incêndio no lugar e, desse modo, atingir residências nos arredores com as chamas originadas. Assim, é patente que a desinformação atrasa possíveis soluções.

Outrossim, há o aumento cada vez mais expressivo das áreas ocupadas pelo agronegócio no país, principalmente na região amazônica, como um fator que impede medidas que diminuam as queimadas. A ativista Greta Thumberg, em um artigo publicado recentemente na BBC, diz que “O progresso do mundo capitalista é o regresso do mundo natural”. Paralelamente, tal afirmação relaciona-se com a supremacia política e ideológica que possuem os fazendeiros milionários, donos de latifúndios e agroindústrias, na formulação das leis ambientais brasileiras. Com isso, inicia-se todos os anos um ciclo, no qual milhares de hectares de floresta são reduzidos às cinzas. Logo, é fundamental a discussão sobre o problema.

Destarte, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para conscientizar a população a respeito dos males e das benesses relacionados à preservação dos nossos ecossistemas e evitar as queimadas, urge que o Ministério da Educação e da Cultura implemente, mediante parcerias com alunos e professores, campanhas publicitárias que informem as pessoas acerca das melhores maneiras de se descartar resíduos inflamáveis. Não só, é dever do Ministério da Defesa realizar, por meio do Sistema de Vigilância da Amazônia, o monitoramento dos limites do “pulmão do mundo”, a fito de impedir atos incendiários ilegais. Somente assim, será possível prevenir o fim dos tempos.