Por que o Brasil não conseguiu superar as desigualdades de gênero e raça?

A sociedade brasileira carrega consigo o peso do patriarcado e as consequências do escravismo. Pode-se inferir que, em função dessas estruturas, mulheres e negros foram vinculados a esteriótipos e significados os quais sustentam a ideia de que eles não poderiam ocupar espaços educacionais e, principalmente, de trabalho digno. Hoje, porém, ainda que de modo contestável sejam inseridos nesses locais, as construções sociais amparadas naqueles sistemas fazem com que a desigualdade perdure.
A priori, é importante assentir que o machismo cristalizado é um artefato operativo para a manutenção de ideias as quais limitam a inclusão de mulheres em determinados ambientes. A exemplo disso tem-se a tardia integração feminina no espaço estudantil, a categorização de trabalhos como feminino e masculino e, entre outros casos, a disparidade salarial entre homens e mulheres que prestem a mesma função. Dessa forma, é possível perceber uns dos motivos de o Brasil não superar as diferenças.
Além disso, a população negra reiteradamente depara-se com limitações herdadas de uma lógica fundamentada, ao longo da história, na visão do homem branco em relação ao negro. Ainda que parte das pessoas melânicas tenham acesso às salas de aula, a maioria não consegue manter-se no sistema, devido às condições vividas. Segundo a Rede Brasil, o estudante Gustavo Coelho voltou a estudar pelo EJA e conta que precisou abrir mão dos estudos pelas dificuldades em conciliá-los com as tarefas domésticas e os cuidados com os irmãos. Nesse contexto, percebe-se como as limitadas oportunidades afetam esses indivíduos.
Depreende-se, à vista disso, que os cidadãos, capazes de suscitar uma reforma social, falem sobre a importância de superar os sistemas estruturais, por meio de depoimentos na internet ou plataformas como o youtube, a fim de empoderar mais pessoas. Sendo assim, a longo prazo, será possível a desconstrução desse pensamento que limita e segrega.