Por que dirigir embriagado ainda é uma prática recorrente na sociedade brasileira (versão editada, favor corrigir conforme banca de concursos CESGRANRIO)

As bebidas alcoólicas são notoriamente aceitas e propagadas no Brasil, muito diferentes de outros costumes e normas de outros lugares do mundo. No mundo islâmico, por exemplo, é totalmente proibida a produção e consumo de bebidas alcoólicas, sejam elas destiladas ou fermentadas. Já em outros países ocidentais, como nos EUA, apesar de amplamente comercializadas apenas aos maiores de 21 anos, é vedado o consumo nas ruas ou áreas públicas, ainda que seja tolerado dirigir levemente embriagado, até 0,6 ml de álcool por litro de sangue.

Diante de tantas culturas e costumes, os veículos automotores são invenções recentes de dois séculos, enquanto bebidas fermentadas são produzidas há milênios. Nessas diferenças ao longo do tempo, constatou-se, à partir de 1960, sérios acidentes envolvendo condutores desatentos por embriaguez, por isso vários países adotaram medidas pra reduzir as sequelas das vítimas de trânsito, como, depois de várias mudanças, optou-se nos últimos anos no Brasil tolerância zero para quem conduz sob efeitos de bebidas alcoólicas e outros entorpecentes que afetem a atenção.

Apesar da severidade da lei, multas caras e até enquadramento do infrator embriagado à prisão, ainda há recorrência do fato hoje considerado contravenção penal. Isso faz parte da cultura do “beber socialmente” em lugares distantes e precisar de veículos automotivos para se deslocar. Ainda que haja transporte público, táxi, “uber”, ainda persiste a comodidade do veículo próprio.

Ainda que correntes contrárias às normas e motivos existam, razoáveis ou não, no direito público o bem coletivo sobrepõe-se aos direitos individuais, portanto é sobre essa ótica de evitar atropelar alguém ou ameaçar terceiros nas vias que a legislação foi discutida e adotada, afinal a prevenção é mais barata que custos médicos e aposentadoria por invalidez precoce dos outros.