Os relacionamentos abusivos em evidência no Brasil

A obra literária “Dom Casmurro”, do escritor carioca Machado de Assis, aborda o relacionamento abusivo do personagem Bentinho em face de sua esposa Capitu. Bem como, no romance, Bentinho vê Capitu por uma perspectiva doentia e obsessiva, vindo a suspeitar de uma hipotética traição da mesma. De maneira análoga à obra, muitas mulheres brasileiras ainda vivem em relacionamentos abusivos no hodierno. Isso se deve, majoritariamente, pela cultura machista e à negligência, por parte da sociedade, que naturalizou as práticas abusivas. 

Sob esse viés, é lícito postular a cultura machista como impulsionadora desse revés. Segundo o primeiro Código Civil brasileiro, de 1916, “o marido é o chefe da sociedade”. Além disso, o homem tinha a liberdade de autorizar, ou não, o trabalho da mulher e de administrar os bens dela. No entanto, ao observar o cenário contemporâneo é possível perceber que a opressão sobre a mulher ainda permanece enraizada nos lares brasileiros. Logo, essa opressão histórica motiva a manutenção de relacionamentos abusivos.

Outrossim, é fundamental salientar a postura naturalizada da sociedade em relação às práticas abusivas como influenciadora no entrave. De acordo com a filósofa Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Assim, é evidente que a mulher pode ser a própria cúmplice do abuso, porque às vezes, ela nem percebe que está sendo abusada, uma vez que a mesma acha essa realidade normal. Como também, é obrigada a concordar com esse tipo de relacionamento, visto que depende do marido. 

Portanto, urge que medidas sejam tomadas para diminuir os casos de relacionamentos abusivos na sociedade brasileira. Sendo assim, sugere-se que o Governo Federal, na figura do Ministério da Mulher, da família e dos Direitos Humanos, realize uma conscientização para a esfera feminina, por meio de debates e palestras que visem alertar e evidenciar os sinais de um relacionamento abusivo, a fim de despertar o público feminino contra esse tipo de companheirismo. Ademais, o corpo social deve abolir de sua cultura a ideologia naturalizada de práticas abusivas, por intermédio de campanhas midiáticas que enfatizem a figura da mulher na sociedade e que evidenciem a opressão como um equívoco. Dessa forma, espera-se que as mulheres entendam sua significância para a sociedade e não dependam de relacionamentos abusivos como o narrado na obra machadiana. 

Se puderem corrigir dando nota por competência. Desde já muito obrigada!