Os sete pecados capitais descritos pela religião nomeavam as condutas consideradas mais prejudiciais ao convívio da humanidade. Todavia, hodiernamente, com a diversificação dos problemas enfrentados pela sociedade, novos “pecados” surgiram, sendo que, dentre esses, a poluição do meio ambiente emergiu como um dos mais preocupantes. Diante disso, a busca inconsequente pela riqueza e a inoperância estatal mostram-se como promotores dessa realidade.
Em primeira análise, a busca pela abastança faz com que se utilizem de meios prejudiciais à natureza. Nesse sentido, tem-se o garimpo ilegal, que, ainda que haja fiscalização, está presente de grande parte do território brasileiro, e, por meio da utilização de produtos químicos, como o mercúrio, polui rios e lagos, ameaçando a vida da fauna e dos povos indígenas. Nesse contexto, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, em 2016, os povos aborígenes que habitavam próximos ao rio Uraricoera, em Roraima, estavam com 92% de seu organismo contaminado com mercúrio. Desse modo, vive-se atualmente em uma sociedade de risco, conforme defende Ulrich Beck, em que a busca pela riqueza a qualquer custo, concretizada por meio de atividades como o garimpo ilegal, perpetua os riscos à própria sobrevivência humana.
Outrossim, percebe-se a inação do Estado para combater essa problemática. Sob esse viés, Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, defende que algumas instituições deixaram de cumprir sua função, operando como “zumbis”. Nessa perspectiva, o Governo Federal, conquanto possua órgãos públicos em defesa do meio ambiente, não se mostra efetivo nesse trabalho, devido à insuficiência de verbas destinadas a esse quesito. Por conseguinte, é comum nas cidades a existência de lixões a céu aberto, os quais poluem o solo pela produção de chorume, e também de sistemas de esgoto sem tratamento, que escoam diretamente nos rios, poluindo as águas que são utilizadas para consumo humano. Portanto, a negligência das instituições públicas promove a continuidade dessa situação.
Dessa forma, a poluição se apresenta como um dos mais graves “pecados” modernos. Para reverter esse quadro, o Governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, deve alocar verbas suficientes para a efetiva proteção da natureza, de modo a fomentar a construção de aterros sanitários e de áreas de tratamento de esgoto. Além disso, é necessário intensificar a fiscalização das atividades extrativas, como o garimpo, para combater práticas abusivas e ilegais. Com essas medidas, será possível construir uma realidade mais sustentável, assegurando a sobrevivência das gerações presentes e futuras.
Le.Le.Lê
Olá!
Vou elencar meus comentários na ordem dos parágrafos e, ao final, avaliar especificamente cada uma das cinco competências do ENEM.
⏺️ INTRO:
“Os sete pecados capitais descritos pela religião”
… descritos por qual religião?
Lembre-se de que há várias, então é necessário que você especifique: religião católica.
De resto, sua introdução está boa, contextualiza o problema e antecipa os argumentos.
⏺️D1
“Em primeira análise, a busca pela abastança faz com que se utilizem de meios prejudiciais à natureza.”
(C4) Esse tópico frasal não está muito coeso (organizado).
Você repetiu a palavra “busca” que já estava ao final do parágrafo anterior. Troque busca por procura, desejo, ambição, etc.
“faz com que” é uma expressão prolixa (longa demais). Opte por: gera, causa, acarreta, …
Eu substituiria essa frase por:
=> Em primeira análise, é evidente que a ganância é prejudicial à natureza.
“Nesse sentido, tem-se o garimpo ilegal, que, ainda que haja fiscalização, está presente de grande parte do território brasileiro, e, por meio da utilização de produtos químicos, como o mercúrio, polui rios e lagos, ameaçando a vida da fauna e dos povos indígenas.”
⚠️ “garimpo ilegal, que” vírgula incorreta, ela separa o sujeito (garimpo ilegal) do predicado (está presente em grande parte do território brasileiro). Apenas uma circunstância pode aparecer entre esses dois, entre vírgulas, como é o caso de “ainda que haja fiscalização”. Poranto, é correto usar vírgula antes e depois desse trecho, mas não antes do “que” (nessa frase).
Seria correto utilizar vírgula antes de “que” se fosse uma explicação, por exemplo:
“tem-se o garimpo ilegal, que está presente em grande parte do Brasil, poluindo rios e lagos.”
Eu sei que o sentido é muito similar ao da sua frase, mas o que muda é que agora o sujeito e o predicado foram separados por outra oração.
“ainda que haja fiscalização” => Sugiro que você problematize mais, ou seja, escreva de um jeito que deixe claro que há algo grave, como: fiscalização insuficiente, negligência dos órgãos fiscalizadores, …
(C1) “está presente *de* grande parte do território brasileiro” de => em
(C1) “brasileiro, e, por meio da utilização” a primeira vírgula foi aplicada incorretamente.
=> brasileiro e, por meio da utilização
Obs: o uso da vírgula não está propriamente relacionado ao “E”, e sim às orações e à função das palavras. Nesse caso, é preciso colocar vírgula para isolar a circunstância antecipada. A ordem natural é sujeito + verbo + circunstância, mas é comum anteciparmos uma circunstância e, então, precisamos colocar ela entre vírgulas. A ordem “natural” da sua frase seria algo como: o garimpo ilegal está presente em grande parte do terrirório brasileiro e polui rios e lagos por meio da utilização de produtos químicos. Percebe que esse final foi “antecipado” no seu texto? Por isso precisa usar vírgula no começo e no final desse trecho, ficando algo assim: o garimpo ilegal está presente em grande parte do terrirório brasileiro e, por meio da utilização de produtos químicos, polui rios e lagos.
(C3) É preciso que você explique como a poluição do meio ambiente afeta a fauna e os povos indígenas. Eu sei que parece óbvio, mas o corretor não está acompanhando os seus pensamentos, você precisa escrever a sua linha de raciocínio para que ele saiba o que você quer dizer. Eu percebi que a próxima frase fala dos povos indígenas, mas você não comentou sobre a fauna, então é melhor que você retire essa palavra (fauna) do seu texto, assim como, caso você não comentasse sobre elevar a fiscalização ambiental na sua proposta de intervenção, haveria uma falha no projeto de texto.
Sugestão:
=> Nesse sentido, evidencia-se, em decorrência da insuficiente fiscalização, o garimpo ilegal presente em grande parte do território brasileiro, causando a poluição do meio ambiente, por exemplo, com mercúrio. Isso ameaça a vida da fauna e das comunidades locais, uma vez que o lugar onde habitam é degradado, reduzindo os recursos disponíveis.
“Nesse contexto” é um conectivo muito parecido com “Nesse sentido”, que você tinha acabado de usar. Você poderia utilizar: Acerca disso, Sob esse viés, …
Sugestão:
Prova disso é o caso relatado pela Fundação Oswaldo Cruz em 2016, no qual povos aborígenes que moravam próximo ao rio Uraricoera, em Roraima, estavam com 92% de seu organismo contaminado com esse elemento químico.
“Desse modo, vive-se atualmente em uma sociedade de risco, conforme defende Ulrich Beck, em que a busca pela riqueza a qualquer custo, concretizada por meio de atividades como o garimpo ilegal, perpetua os riscos à própria sobrevivência humana.”
A conclusão do parágrafo está ótima ✔️
Sequer era necessário trazer mais um repertório (é mais comum ter um só por parágrafo), mas ficou pertinente.
Apenas recomendo um pequeno ajuste: conte sucintamente quem é Ulrich Beck, normalmente citamos a profissão da pessoa, mas também podemos generalizar para: pensador, estudioso, teórico, caso não lembremos exatamente qual é. Também é legal destacar a importância dessa pessoa, trazendo adjetivos como: relevante, eminente, importante, famoso, …
=> conforme defende o sociólogo Ulrich Beck
⏺️ D2
(C1) Não reparei em nenhum erro gramatical. ✔️
(C2) Ótimo repertório, pertinente e produtivo. ✔️
(C3) A argumentação está bem coerente. ✔️
(C4) Parágrafo coeso e com conectivos bem utilizados: outrossim, sob esse viés, nessa perspectiva, conquanto, por conseguinte, os quais, também, portanto, etc. ✔️
Sugestão:
“Por conseguinte, é comum nas cidades a existência de lixões a céu aberto, os quais poluem o solo pela produção de chorume, e também de sistemas de esgoto sem tratamento, que escoam diretamente nos rios, poluindo as águas que são utilizadas para consumo humano.”
=> Por conseguinte, é comum nas cidades, a existência NÃO SÓ de lixões a céu aberto, os quais poluem o solo pela produção de chorume, COMO TAMBÉM de sistemas de esgoto sem tratamento, […].
⏺️ CONCLUSÃO
“a poluição se apresenta como um dos mais graves ‘pecados’ modernos”
(C3) Fica muito bom retomar na conclusão a conteztualização que você usou na introdução ✔️
(C5)
agente: Governo Federal
meio: MMA
ação: alocar verbas suficientes para a efetiva proteção da natureza
de modo a fomentar a construção de aterros sanitários e de áreas de tratamento de esgoto (não fica muito claro se isso é um detalhamento ou uma finalidade)
finalidade: construir uma realidade mais sustentável, assegurando a sobrevivência das gerações presentes e futuras
Para a competência 5 é suficiente uma única proposta de intervenção completa, mas você fez bem em trazer mais uma, porque isso ajuda na competência 3, que trata de coerência, já que, muitas vezes, uma única medida não é suficiente para resolver os dois problemas que abordamos no desenvolvimento. Entretanto, vale lembrar que a segunda proposta não precisa ser completa (conter os cinco elementos). Você fez tudo isso corretamente. ✔️
Sugestão: por garantia eu colocaria as propostas de intervenção na ordem dos parágrafos de desenvolvimento, ou seja, a primeira proposta referente ao D1 e a segunda, ao D2.
⏺️ NOTA
Já vou adiantando que esses números não são exatos, pois eu não conheço todos os métodos de avaliação dos corretores. Isso quer dizer que minha nota é uma aproximação.
C1) 180/200
preposição de => em (D1)
uso incorreto da vírgula (duas vezes no D1)
Eu sei que você pode ter duas falhas e um desvio gramatical, mas não sei ao certo o que isso significa. Acho que você não teria desconto na sua nota nessa competência por conta desses três apontamentos.
C2) 180/200
Compreensão do tema: eu não sei qual era a sua frase temática, inclusive, sugiro que acrescente o tema nas próximas redações que você enviar aqui na plataforma para correção. Podemos perceber que o eixo temático era meio ambiente, mas é preferível saber exatamente qual é o tema para poder te avaliar melhor.
Uso adequado de pelo menos um repertório ✔️
Adequação do texto ao estilo dissertativo-argumentativo ✔️
C3) 160/200
Coerência e argumentação.
Tirei alguns pontos aqui porque acho que o encadeamento de ideias no D1 poderia melhorar um pouco.
C4) 180/200
Coesão.
O principal ponto de atenção foi o tópico frasal do D1.
C5) 180/200
Proposta de intervenção completa (na minha opinião), mas seria possível levantar uma dúvida quanto à presença de detalhamento.
Total: 880/1000
É isso, espero ter ajudado! Boa sorte nas suas futuras redações! Continue escrevendo e evoluindo!
Giovana Carvalho
Vou corrigir sua redação conforme as competências do ENEM e seus críterio(+ algumas dicas pessoais)
Introdução:
acho legal você colocar a qual religião está se referindo, por mais que seja uma religião muito disseminada no nosso país
(dica de como reescrever)
“Os sete pecados capitais descritos na Bíblia, pela religião cristã, nomeiam condutas que podem inviabilizar o convivio social da humanidade…”
Um melhor desenvolvimento e articulção da sua introdução te ajudariam no decorrer da redação
Segundo paragrafo(1 argumentação):
*Cuidado com esse primeiro período muito curto* (DICA: troque a palavra abastança)
-“Em primeira análise, a ganância humana está ligado diretamente a degradação ambiental, visto..(explicação)
você usou um problema no período e não desenvolveu ele no decorrer do texto, ligou o garimpo ilegal mas não associou com a citação anterior
-seu paragrafo ficou MUITO confuso
Terceiro paragrafo(2 argumentação):
novamente cuidao com o período muito curto
-desenvolva melhor seus argumentos
AVALIAÇÃO
C1:160
C2:140/160
C3:120
C4:140
C5:160
NOTA FINAL: 720/740