Os indígenas frente à pandemia do coronavírus

Lançado em janeiro de 2001, o filme “Tainá – uma aventura na Amazônia” retrata a vida de uma indígena nativa da Amazônia chamada Tainá. Órfã de seus pais e criada pelo seu avô Tigê, a protagonista enfrenta grandes aventuras com a chegada dos garimpeiros em sua aldeia. Embora seja uma história fictícia, o problema até então retratado na produção audiovisual é vivenciado pelas tribos indígenas brasileiras nos contemporâneos dias; o problema torna-se ainda maior com a chegada do novo vírus COVID-19 em território brasileiro. 

A priori, é indispensável pontuar a forte cultura e costumes indígenas que ainda perpetuam em diversas tribos brasileiras, isso é, aglomerações para fins ritualísticos, eventos turísticos promovidos dentro das aldeias, um grande número de indígenas vivendo e dormindo em um mesmo local, entre outros. Somando 0,47% da população brasileira – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) – hoje os indígenas sofrem com os impactos que o coronavírus ocasiona. É válido ressaltar que os nativos recebem, em suas terras, garimpeiros, madeireiros, missionários e caçadores que são um canal de contágio em potencial para os indígenas.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena, segundo reportagem – escrita para BBC News Brasil – por João Fellet,   indispõe testes para comprovar a COVID-19 e, em paralelo a tal, a população em questão sofre com a inexistência de recursos preventivos e básicos. A aquisição desse último se dava a partir de idas até as grandes capitais. Sofia Mendonça, médica sanitarista e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo, coordena o Projeto Xingu que luta em prol da saúde do povo indígena, e em entrevista para BBC News relata sobre as medidas que estão sendo tomadas para evitar o contágio dentro das aldeias. Mendonça retrata a intensa dificuldade enfrentada sem o apoio monetário e moral do governo e das organizações estabelecidas para cuidar da população nativa; relata ainda que houve uma movimentação entre os servidores no intuito de arrecadar itens de limpeza e alimentação. Cita, ainda, o cancelamento de grandes eventos turísticos dentro das aldeias e os rituais de passagem são realizados com barreiras feitas de palha entre os habitantes. 

 Em suma, entende-se que a problemática em questão é vítima da desatenção das autoridades federais. É interessante que haja uma intervenção governamental a nível estadual e federal juntamente com os órgãos responsáveis por cuidar dos povos indígenas, disponibilizando testes para o diagnóstico da doença e enrijecendo leis contra invasões das terras indígenas.  É de suma importância, ainda, o aumento da presença de profissionais da saúde e segurança dentro das aldeias a fim estabelecer métodos preventivos e exames, além de delimitar a entrada e saída de indivíduos das tribos. Adicionado a tal, realizar palestras – dentro das medidas estabelecidas – procurando esclarecer a gravidade da atual situação do país frente à pandemia. O filme “Tainá – uma aventura na Amazônia”, retrata, acima de tudo, a importância cultural dos povos indígenas brasileiros e desperta a consciência de manter assegurada essa comunidade, ainda que pequena, mas que enraíza a história do Brasil em sua existência.