Em sua obra, “Ética ao Nicômaco”, Aristóteles defende que a felicidade verdadeira seria alcançada por meio da contemplação intelectual constante, aliada à prática das outras virtudes humanas e sustentadas pelo bem-estar material e social. No entanto, em meio a pandemia de COVID-19, o ensino escolar brasileiro teve que ser paralisado e substituído pela educação à distância (EaD). Apesar de ser uma ótima alternativa, o deficitário e excludente acesso dos estudantes aos meios digitais, sobretudo os que pertencem às classes baixas, atrelado ao sistema de ensino público arcaico, impossibilitam a continuidade nos estudos em meio as medidas de isolamento social.
Mormente, deve- se destacar a exclusão digital como principal fator segregatício para a educação on-line no país.Conforme a premissa aristotélica, para a realização da contemplação intelectual é necessário que o indivíduo viva em um ambiente pacífico e utilize ferramentas concretas para tal ação.Contudo, essa ideia não se configura à realidade da maioria dos estudantes brasileiros, visto que eles são desprovidos dos principais veículos digitais: o computador e a internet. Segundo dados da pesquisa “TIC domicílios” , apenas 48% da metade da camada mais pobre e da zona rural brasileira tem conexão wi-fi, majoritariamente, por celular – dispositivo não tão eficiente quanto o computador. Sob tal ótica, fica evidente um verdadeiro “apartheid virtual”em relação à essa parcela da população,e por conseguinte, prejudica a aprendizagem dos discentes durante a crise atual.
Além disso, é essencial uma avaliação dos métodos de ensino nas unidades escolares do país. Segundo Vera Maria Candau, doutora em pedagogia, o método de docência do Brasil remonta-se ao século XIX,em que, basicamente, os alunos decoravam o assunto que o professor escrevia na lousa. Tal atraso deve-se à resistência da inclusão tecnológica nos processos didáticos por parte dos professores, que têm uma certa dificuldade em aprender a usufruir das potencialidades que as ferramentas digitais trazem. Dessa forma, investir na alfabetização digital ao professorado é uma medida imprescindível para o melhor desenvolvimento educacional do país.
Destarte, torna-se evidente que educação a distância no Brasil apresenta entraves que necessitam ser revertidos urgentemente. Torna-se imperativo que o Ministério da Educação(MEC), faça parcerias público-privadas com empresas de internet banda larga, com o intuito de democratizar o acesso a tecnologias da informação,por meio da criação do programa “Internet para todos”. Tal benefício disponibilizará a instalação residencial de wi-fi e fornecerá computadores aos alunos que possuem renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Ademais, o MEC deve criar projetos de letramento digital aos professores, por meio de cursos de capacitação e oficinas pedagógicas, para que, posteriormente, haja a criação de uma plataforma digital própria da escola, onde poderá realizar “lives”, postar videoaulas e atividades instrutivas. Apenas sob tal perspectiva,mesmo durante a crise de saúde pública que está sendo enfrentada internacionalmente, o conhecimento dos estudantes não será interrompido e eles terão como finalidade última a contemplação intelectual defendida por Aristóteles.
Ittsthaina
Achei seu texto muito bom, contudo, na conclusão a sua segunda proposta de intervenção não está bem detalhada, oq a deixou um pouco rasa. E no seu segundo parágrafo de desenvolvimento quando vc trás ” Atualmente, a maioria dos professores resistem à inclusão da tecnologia pedagógica” acaba caindo no senso comum, pq vc não trás nada que confirme isso.