Os desafios para otimizar a adoção de crianças no Brasil

No Brasil, o sistema de adoção apresenta problemas que impossibilitam a descrição de um processo não burocrático. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA), há uma divergência entre o quantitativo de crianças que buscam um lar e aquelas que são procuradas. Observa-se que os valores medidos não são proporcionais por conta da resistência encontrada em muitas famílias, bem como o perfil desejado de criança pelos brasileiros. Assim, é preciso analisar os desafios para que haja maior otimização na adoção de crianças no país.

Em primeiro plano, vale ressaltar a imagem vilanizada criada sob o conceito de filhos adotivos. O filme de terror “A órfã” tem como protagonista Esther, uma garota que cresceu em um orfanato até ser adotada pelo casal Kate e John. Porém, eles não podiam imaginar que a menina na verdade era uma mulher adulta de 33 anos que manteve a aparência de criança por toda a vida, em busca de semear o caos nas famílias que a aceitam. De acordo com o G1, o portal de notícias da Globo, o longa causou polêmica nos Estados Unidos, fazendo com que houvesse uma diminuição no número de casais que procuram orfanatos em busca de adoção. Dessa forma, é possível perceber a influência da mídia no imaginário popular no que diz respeito a crianças adotadas, reforçando estigmas e reproduzindo maior resistência por parte dos interessados.

Ademais, é perceptível que, o perfil mais procurado pelos brasileiros não condiz com o perfil à espera de adoção. De acordo com dados oficiais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 14,55% só adotam crianças brancas; 58% aceitam apenas crianças até 4 anos de idade; 61,92% não aceitam adotar irmãos; e 61% só aceitam crianças sem nenhuma doença. Logo, as pessoas depositam na adoção uma expectativa que difere da realidade encontrada. Com isso, a busca por crianças que não existem, sustentada pelo modelo idealizado de família, se apresenta como um desafio para a construção de novos lares.

Portanto, os entraves da adoção no Brasil são evidentes. Dessa maneira, o Governo Federal, por meio de investimentos em órgãos especializados, deve promover o “Adoção Real”, plano nacional de campanhas informativas sobre o sistema adotivo brasileiro, a fim de desconstruir a imagem negativa do senso comum no que diz respeito à prática de adoção, bem como divulgar dados oficiais do caráter de seleção. Assim, as ideias passadas em “A órfã” continuarão presentes apenas no filme, sem interferir na otimização da adoção de crianças no país.