Os desafios enfrentados pelos portadores de autismo e TDAH no Brasil

Mylle:

Na Grécia Antiga, o culto ao corpo, à perfeição e aos ideais atléticos levavam os indivíduos atípicos a serem sacrificados ou escondidos. De maneira análoga, percebe-se que esse cenário de exclusão ainda se faz presente, tendo em vista os desafios na inclusão de pessoas do espectro autista e/ou TDAH na educação brasileira. Com base nisso, é importante destacar a falta de capacitação dos educadores e o preconceito social como fatores determinantes na intensificação dessa problemática.

Nesse sentido, constata-se a influência direta dos professores no gerenciamento da inclusão desse grupo. Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação assegure um ensino pautado na tolerância e valorize as relações além da sala de aula, nota-se que essa prerrogativa não é devidamente praticada nas escolas. Sob essa perspectiva, a carência de uma aprendizagem direcionada ao respeito às diferenças intensifica a exclusão dos indivíduos atípicos. Prova disso, cita-se a exiguidade de qualificação pedagógica, comprovada pelo despreparo dos educadores na geração da educação plural. Desse modo, fica claro que se o poder público não intervir na realidade escolar, dificilmente o ideal da inclusão será alcançado.

Ademais, é mister salientar o papel da discriminação no distanciamento da resolução da problemática. De acordo com o filósofo Byung Chul-Han, na contemporaneidade, as relações sociais são marcadas pelo individualismo que se sobrepõe ao altruísmo. Nessa lógica, observa-se que esse contexto se relaciona com a presença do bullying nas escolas, uma vez que as pessoas atípicas são estigmatizadas e excluídas das relações pelo distanciamento da sociedade com o diferente. Dessa forma, enquanto não houver a superação desse cenário caótico, os indivíduos continuarão sendo marginalizados por uma esfera egoísta da sociabilidade.

Portanto, verifica-se a importância da minimização dos desafios na inclusão de pessoas do espectro autista e/ou TDAH na educação brasileira. Para que isso ocorra, o Ministério da Educação, responsável pelo gerenciamento da dinâmica escolar nacional, deve promover a capacitação dos professores, por intermédio de simpósios de conscientização sobre os transtornos mentais, com o fito de aprimorar a relação com os alunos de forma inclusiva. Outrossim, o mesmo órgão precisa promover uma campanha de conscientização, por meio de reuniões semanais com os estudantes, com a finalidade de barrar a discriminação e o desrespeito. Feito isso, o que foi retratado em Atenas será devidamente superado.