O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein, em sua obra Tractatus Logico-Philosophicus, diz que o humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo. No cenário atual, o humor vem sendo bastante valorizado como forma de expressão válida e sua democratização está, gradualmente, se ampliando. Assim, cada vez mais pessoas se dedicam ao trabalho humorístico, seja através de programas televisivos ou rádio, de stand-up ou, até mesmo, em plataformas da Internet, como o YouTube. Todavia, muitos dos que se intitulam humoristas utilizam do humor para ofender ideologias ou grupos sociais. Dessa forma, é importante compreender o papel do humor na nossa estrutura social, mas ao mesmo tempo, entender como ele pode contribuir para perpetuar estruturas preconceituosas que constituem nossa sociedade.
Primeiramente, é preciso entender a formação do conhecido humor brasileiro. De acordo com o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, foi durante a Belle Époque brasileira, o que compreende as duas décadas finais do século XIX e o fim da 1ª. Guerra Mundial, em 1918, que surgiu esse humor, no esteio do jornalismo moderno e suas seções fixas de humor e de caricaturas. Mais tarde, no teatro, no rádio e no cinema, o humor frutificou ainda mais. A forma de expressão humorística representava as opiniões da massa brasileira, na maioria das vezes, como forma de críticas e foi fortemente censurado durante o período da ditadura militar. No entanto, houve, ainda, críticos humoristas que resistiram à essa dura repressão e continuaram utilizando de seu humor para criticar as atitudes que os militares estavam tomando. Como exemplo, é passível de citação o periódico Pasquim, trazendo fortes críticas ao governo, que contou com o trabalho de vários cartunistas, incluindo o renomado Ziraldo. Assim, é possível enxergar o humor como uma poderosa ferramenta contra regimes de governo repressivos e como manifestação social.
Ademais, é fundamental a compreensão de que a sociedade brasileira foi construída com base em políticas excludentes e segregacionistas. Conforme os dados, de 2019, da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio), as mulheres constituem 51,8% da sociedade brasileira e pessoas que se intitulam pretas constituem 56,1% da mesma. No entanto, os cargos de poder e visibilidade do corpo social, seja em questão política, administrativa, jornalística, entre outras, são majoritariamente distribuídos entre homens brancos, e infelizmente, por muitas vezes o humor contribui para a perpetuação dessa estrutura racista e patriarcal. É possível citar, como exemplo, o comediante Danilo Gentili, que constantemente é processado por discursos de ódio. A atriz Samara Felippo, que se posicionou dizendo que as “piadas” de Danilo são, na maioria das vezes, preconceituosos, misóginas e racistas. Embora a Constituição Brasileira preveja a liberdade de expressão como sendo direito de todo indivíduo, o art. 20, da Lei 7.716/89, dispõe que “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é considerado discurso de ódio e tem como pena reclusão de um a três anos e multa”, ou seja, é crime. Em suma, é importante que os comediantes e humoristas atuais considerem o importante papel que exercem na sociedade e passem a medir melhor seus discursos.
Com base nos argumento apresentados, conclui-se que o humor tem um papel fundamental na sociedade. Age não só para divertir e entreter o público, mas também para expressar a opinião do humorista, desde assuntos supérfluos do cotidiano de todo brasileiro até assuntos mais sérios, como ideologias políticas ou de sistemas de governo. Porém, considerando que existem muitos preconceituosos estruturais na nossa sociedade, é necessário manter-se atento aos limites do humor, de forma com que o mesmo não fira a dignidade de ninguém ou de nenhum grupo social. Portanto, faz-se imperioso a atuação rigorosa do Ministério da Cultura e do Ministério da Justiça no que se refere à manifestação humorísticas, garantindo a liberdade de expressão por parte dos humoristas e os direitos e a dignidade das pessoas pertencentes às classes sociais que, estruturalmente, são inferiorizadas. Tal ação promoverá maior controle de discursos de ódio diminuirá a propagação de preconceitos estruturais, visando uma sociedade mais igualitária.
Samarafrança20
Seus argumentos estão muito bons, como também as alusões e citações. Se o seu foco é Enem ou outros vestibulares você precisa diminuir o tamanho do texto. Pq ele está enorme e por isso fica cansativo.
Tenta reescrever esse texto porém de forma reduzida. Não é pra resumir, porém diga o que quer dizer de forma reduzida.
nalulopess
Boa noite, anjo.
Acabei de ler a sua redação e vou deixar meu ponto de vista, espero que aceite ele como uma crítica construtiva e não ao contrário.
Seu texto está muito grande, eu não sei se o tamanho dele real tem 30 linhas, mas, meu Deus, está enorme kkk. Bom, primeiramente, gostaria de te parabenizar pelo excelente uso da norma-padrão da língua.
A sua introdução está desnecessariamente grande, principalmente por conta da contextualização, que se estendeu demais. Você trouxe um repertório pertinente e bem colocado ao tema, porém, nos seus próximos textos, tente ser um pouco mais direta ao contextualizar o tema, a sua introdução não precisa ser tão grande assim e ela continuaria funcionando perfeitamente com algumas linhas a menos.
Nos seus dois parágrafos de desenvolvimento, você sobrecarregou o seu texto de repertórios, dados e fatos, isso fez com que o seu texto ficasse expositivo. Você deixou uma marca de posicionamento, mas é como se ela fosse ofuscada pela quantidade exagerada de citações que você utilizou.
Meu bem, não se preocupe tanto assim com o repertório, ele é primordial pra comprovar fatos e rebuscar o seu texto, mas o leitor espera ver uma defesa da parte da pessoa que escreve, um posicionamento crítico mais apurado, mas você acabou deixando isso um pouco de lado (todos os repertórios, citações, fatos e dados que você trouxe foram excelentes, isso é inegável). Na próxima, tente usar somente um repertório em cada parágrafo, um pro desenvolvimento I e outro pro desenvolvimento II. Cuidado com o texto expositivo.
Na conclusão existe o mesmo problema da introdução, está grande demais e sem necessidade. Você também colocou uma defesa sua antes da intervenção e isso não é recomendável, você tem dois parágrafos de desenvolvimento para deixar seu posicionamento em ênfase, na conclusão espera-se que você traga somente uma retomada da tese e uma intervenção.
Além disso, na intervenção, você usou somente agente, ação e efeito, mas não citou o modo (como será feita a ação).
COMPETÊNCIA 1 = 200
COMPETÊNCIA 2 = 160
COMPETÊNCIA 3 = 100
COMPETÊNCIA 4 = 160
COMPETÊNCIA 5 = 120
TOTAL = 740
É muito perigoso ser expositivo no ENEM, porque a dissertação-expositiva é outro tipo de texto e a banca pode não ver com bons olhos. Mas o seu texto não é ruim, nem de longe, todas as coisas que eu citei, foram pra tentar te ajudar de alguma forma e eu espero ter conseguido. Tomara que siga os meus conselhos, você tem ótima progressão textual, só precisa se atentar mais a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Bons estudos!
Matheus Mello
620 palavras…
É um ótimo texto dissertativo-argumentativo, mas se você está se preparando para um vestibular recomendo contornar esse pensamento de quanto mais escrever melhor será a redação. No Enem, a maior redação 1000 que já li tinha 540 palavras (o que já é demais, visto que seu objetivo não deve só realizar a redação, mas conseguir resolver as questões). Se tem redação 1000 com 370 palavras, seu objetivo deve ser esse (assim como eu, que também escrevo muito nos meus textos, mas estou procurando diminuir a escrita para conciliar a prova com a redação).
Algo que notei é que sua argumentação está muito expositiva, ou seja, você se preocupou muito em trazer dados, acontecimentos, filósofos, períodos históricos… e esqueceu que o mais importante em um texto dissertativo-argumentativo é a ARGUMENTAÇÃO. Os repertórios são importantes para o texto (comprova o seu ponto de vista), mas o mais importante é a argumentação. Uma metáfora para melhor compreensão: a argumentação é um bolo e os repertórios (aquilo que você vai trazer de conhecimento para comprovar seu ponto de vista) é o recheio desse bolo, o toque que vai fortalecer seus argumentos.
A estrutura está boa, você aparenta saber fazer um texto dissertativo-argumentativo. No entanto, você se preocupou demais em comprovar suas ideias e esqueceu que o principal é desenvolve-las, argumentando.
Agora pegue uma folha com as medidas de redação do Enem (17 cm o comprimento da linha), vê se a redação serve no papel. Se serviu ok, mas quanto tempo você levou para passar a redação no papel?
Outra coisa que poderia te prejudicar é a quantidade de repetições, sobretudo de conectivos. Talvez, por você ter escrito demais, ficou sem opções de conectivos e repetiu alguns durante o texto. Eu não acho justo isso, em partes, mas se o Enem e outros vestibulares descontam ponto por isso é melhor evitar. Tenha em mente que nem sempre um texto grande é o melhor texto. Com isso, busque fazer do seu texto o melhor e, para desenvolver as questões além da produção de redação, a melhor opção é fazer uma redação com uma quantidade de palavras que não te faça gastar mais de 1h e 30min do seu tempo de prova, o que não faz dela uma redação ruim, pois há muitos textos 1000 com 370 palavras.
Enfim, alguém muito sábio me disse que se você gosta de escrever (o que aparenta ser pelo tamanho do texto) não desgaste isso com redações de vestibulares, porque elas são muito irreais, artificiais e, sinceramente, você vai produzi-las com o objetivo de passar em faculdade. Caso a escrita seja um hobby para você, procure desenvolver isso em textos concretos, que alguém “normal” (quem não está se preparando para um vestibular) tenha interesse de ler, como narrativas, contos, poemas, livros mesmo, etc.
Resumindo, você escreve muito bem, mas não prenda sua escrita em textos de vestibulares, ainda mais porque eles são muito padronizados (te limitam a um modelo). E se seu foco for um vestibular mesmo, tente reduzir sua redação, porque as questões também são importantes (não é só o texto que vai fazer você passar em uma faculdade).