O panorama da descrença no sistema político

Segundo Soraya Rodrigues de Araguão, psicóloga e escritora, o ser humano é naturalmente insatisfeito. Evidencia-se que essa perspectiva é efetiva no hodierno cenário global, sobretudo no Brasil, visto que se tornou frequente a adversidade no âmbito da política. Isso ocorre, ora em função da alienação política, ora pela ausência de comprometimento dos indivíduos para desempenhar seu dever como bons eleitores.
Primeiramente, é imprescindível destacar que a alienação política vem a ser a não interação do ser humano nas ações que norteiam o contexto político e social, esta nos leva á não percepção dos acontecimentos, nos quais estamos inseridos. De acordo com os pensadores Platão e Aristóteles, o homem é um animal político e esta concepção parte do pressuposto de que o verdadeiro cidadão é aquele que efetivamente participa da vida em sociedade. Dessa forma, um ser social é um ser político, pois a política nada mais é que condição do bem comum.
Outrossim, é imperioso pontuar que no caso brasileiro a política é vista atrelada á corrupção, que beneficia apenas uma minoria. Esse panorama faz com que as pessoas se afastem, gerando um círculo vicioso e a perpetuação do poder nas mãos dessa mesma minoria. A passividade diante dos acontecimentos histórico-político nos faz perceber o quanto a alienação política condiciona o indivíduo á não participação, pela falta de informação e interesse, afastado de preocupações com a política e com os problemas coletivos.
Depreende-se, portanto, que medidas são necessárias para politizar os cidadãos. Como afirmava Oscar Wilde, a insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou uma nação. Em virtude disso, a superação deste cenário político depende da aceitação desta condição e consequentemente, da vontade de sair e mudar. O Ministério da Educação em parceria com o Governo Federal deve organizar palestras nas escolas para pais e alunos sobre a construção de uma sociedade democrática com comprometimento. Desse modo, podemos tentar garantir uma população sendo sujeito da situação, respondendo, assim, pelas ações referentes à sociedade, ao meio no qual estamos inseridos, nos sentindo parte integrante e de grande responsabilidade no processo político.