O Linchamento Virtual em Tese no Brasil

No seriado “Celebrity”, presente no canal de streaming Netflix, é apresentado o desenvolvimento de influenciadores e os caminhos para alcançar a fama por meio da internet. Durante os episódios, o mundo obscuro das mídias sociais é abordado incluso, o linchamento virtual, em que os espectadores fomentam discursos de ódio a partir de disparidades de pensamento com os famosos. Não obstante, fora da ficção, qualquer indivíduo pode tornar-se um alvo apto a sofrer com comentários depreciativos, precisando-se assim, avaliar até onde vai a liberdade de expressão e como a justiça lida com esses comportamentos na era digital. 

Primeiramente, é importante destacar que com o decorrer dos anos, a internet vem se expandindo e ganhando muitos adeptos de forma gradual. Diante disso, o público consumidor assume o papel de “juiz digital”, podendo acarretar sérios danos a quem está no foco dos ataques no momento. Tal cenário pôde ser visto no programa BBB da TV Globo, em que na edição do ano de 2021, a cantora Karol Conká foi atacada de forma violenta e massiva pelos espectadores do programa que não concordavam com as atitudes da artista para com os demais participantes. Karol e sua família foram atacadas e ameaçadas mesmo após sua saída do programa, tendo a figura pública perdido seguidores e trabalhos devido aos ataques. Dessa forma, abre-se margem para o questionamento sobre como o discurso de ódio pode influenciar a vida social dentro e fora da internet e como a violência disfarçada de liberdade de expressão fere a dignidade humana. 

Ademais, é inegável que os ataques são pautados em cima do ideal de impunidade propagado nas redes. Frente a isso, o anonimato e a descrença na justiça criam margem para a violência excessiva com a falta de ponderação e racionalidade que, por vezes, migra do mundo virtual para o físico. Um exemplo disso é o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que no ano de 2014 foi brutalmente espancada e assassinada pela vizinhança após a divulgação de um retrato falado compartilhado no site “Facebook”, de uma suposta sequestradora de crianças, sendo essa confundida com Fabiane. Após anos a família da vítima segue em busca de justiça e indenização, deixando claro que precisa-se repensar sobre a punitividade de crimes digitais.

Assim sendo, a tecnologia é um ambiente neutro mas a forma como é utilizada pode construir armas e gerar transtornos. Portanto, cabe ao Estado, a partir do poder Legislativo, criar uma lei que trate especificamente desses crimes, fazendo uso do Ministério Público e Polícia Federal para intervir de forma mais eficiente, a partir da fiscalização, controle da propagação de conteúdos sensíveis e penalidade de casos. Em suma, a utilização da mídia como um meio de divulgação de informação e desmistificação de fake news- notícias falsas, pode auxiliar na resolução da problemática evitando que a indignação dos telespectadores não venha a causar situações drásticas como a ocorrida com Fabiane.

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