O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

A Constituição Federal de 1988 – lei máxima do Brasil – prevê, em seu sexto artigo, que a saúde é um direito social. Todavia, a supracitada garantia não é efetivada na sociedade brasileira, uma vez que o estigma associado às doenças mentais perdura nela. Nesse sentido, é imprescindível analisar o problema, que apresenta razões sociológicas e efeitos econômicos.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que as interações sociais são uma causa do óbice presente na sociedade brasileira. De acordo com o sociólogo francês Emile Durkheim, o fato social constitui um conjunto de valores que transcendem o indivíduo e exercem um poder coercitivo sobre ele. Sob esse viés, é evidente que, como o fato social hodierno é caracterizado por uma exaltação de um tipo ideal de vida ausente de problemas, as pessoas que tem doenças mentais enfrentam um forte estigma, já que não se visualizam nos padrões sociais vigentes e se sentem mais pressionadas para atingi-los.

Outrossim, é notório que o estigma associado aos transtornos mentais tem como consequências o afastamento de pessoas do mercado de trabalho. Assim, põe-se em evidência a obra “A Metamorfose”, de Franz Kafka, na qual o personagem Gregor é desligado de seu trabalho, pois não consegue sair de seu quarto, em um quadro paralelo ao de depressão. Nessa perspectiva, observa-se que moléstias psicológicas afetam a economia, porquanto trabalhadores são demitidos por conta delas, tornando necessário reverter o cenário para assegurar um pleno funcionamento social.

Destarte, deve-se tomar providências para combater a problemática. Portanto, cabe ao Ministério da Saúde garantir a aceitação social da população que sofre com transtornos mentais, por meio de campanhas, em meios digitais e físicos, que relatem, através de depoimentos, o sofrimento de pessoas com depressão, ansiedade e bipolaridade, com o fito de eliminar o estigma associado às doenças mentais no Brasil. Dessa forma, será possível garantir os direitos presentes na Carta Magna.