Mod ENEM- Os impactos do preconceito linguístico na sociedade brasileira.

Segundo o físico alemão Albert Einstein, “É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.”, por conseguinte, essa fala também se aplica aos vários impactos que esse pré-julgamento pode causar, principalmente em relação à fala. Isso ocorre em virtude de os falantes confundirem a função da gramática com a função da língua falada no Brasil e, assim, discriminam pessoas que, por questões culturais, utilizam diferentes dialetos. Dessa maneira, faz-se mister que os efeitos dessa problemática sejam colocados em pauta urgentemente.

Acerca dessa lógica, é preciso esclarecer a real função da gramática normativa para com a língua. Não é a língua, principalmente a falada, que deve se adequar à norma culta, e sim a norma culta que deve ser apenas um meio de descrição padronizada da língua. O professor de línguas Sírio Possenti exemplificou bem essa questão quando disse que não existem erros de português, e sim, inadequações da linguagem. Portanto, se torna incoerente uma parcela da população julgar, discriminar e excluir pessoas que não falam de acordo com a norma padrão, sendo até extremamente cruel constranger alguém apenas porque essa pessoa se expressa de maneira diferente.

Nesse tocante, é conveniente destacar que, de acordo com o artigo 216 da Constituição Federal, o poder público e a comunidade devem garantir a proteção do patrimônio nacional brasileiro, sendo ele material ou imaterial (no qual se encaixa a língua falada). Em contrapartida, não é isso que se observa na realidade, e sim, uma massa de pessoas atacando e inferiorizando, principalmente os nordestinos, devido ao sotaque singular, tanto dentro das redes sociais, como até mesmo em programas televisivos como novelas, que sempre retratam o nordestino como aquele personagem sem intelecto, de modos e de falas considerados errados.

Em suma, fica evidente o quão prejudicial é para alguém ser tratado de maneira diferente apenas porque possui cultura em sua fala, sendo então, necessária a tomada de certas medidas. Fica a cargo do Governo Federal a função de avaliar se as punições atuais contra crimes de preconceito são realmente eficientes, além de criar mecanismos de fiscalização, que proíbam a discriminação das pessoas por conta de seu dialeto, tanto em programas de televisão, como nas mídias sociais, através de programas nacionais de conscientização e fiscalização, com o fito de não normalizar esse tipo de ato. Paralelamente, a sociedade como um todo deve agir em prol do respeito as variações da fala, mediante a criação de perfis em redes sociais, que mostrem qual é o problema e ensinem a importância desses dialetos, para assim, mitigar os efeitos do preconceito linguístico dentro do convívio social brasileiro.