Homofobia no contexto escolar brasileiro

A dicotomia entre a democracia ateniense e a belicosidade espartana no mundo grego; fé e razão na Idade Média; Descartes e Hume na filosofia iluminista e o capitalismo dos Estados Unidos versus o socialismo da União Soviética durante a guerra fria, mostram uma das grandes dificuldades do ser humano: aceitar e respeitar o diferente. Tal realidade mostra-se secular e permanece até hoje sendo uma das raízes da homofobia dentro e fora das escolas brasileiras.

Muito se discute a importância da educação nas escolas sobre realidades sociais, como as diferentes opções sexuais, porém sabe-se também a extrema influência do pensamento dos pais sobre as crianças dentro de casa. Como os estudantes de hoje são filhos dos nascidos da década de 80 e, provavelmente, netos dos oriundos dos anos 40 a 60, épocas de pensamentos machistas, tradicionalistas e de extremo preconceito, como na Alemanha nazista de Hitler e na ditadura militar brasileira, ideologias primitivas podem ser, e muitas vezes são, passados para as futuras gerações e desta forma aumentam os casos de homofobia e falta de respeito ao próximo, assim como ocorria com seus ascendentes.

Outrossim, as hostilidades em relação aos pensamentos opostos supracitados geralmente ocorrem devido a mecanismos psicológicos individuais e coletivos, pois tudo aquilo que é diferente pode apresentar-se como motivo de mudança de conceitos e saída da zona de conforto pessoal. Freud, psicólogo austríaco, afirma algo similar ao reiterar que o ego serve de proteção ao indivíduo em relação às suas características, ideias e pré-julgamentos, sendo resistente a mudanças, assim como ocorre no sistema imune do corpo humano com o transplante de órgãos e no contato com agentes externos, sendo reconhecidos como corpos estranhos. Isto representa mais uma causa da homofobia, presente nas escolas, visto que essa opção sexual difere dos padrões impostos por uma convenção social previamente estabelecida.

Portanto, dado o exposto, cabe ao Ministério da Educação a implementação de palestras informativas a respeito do tema nas escolas, voltadas aos estudantes e seus familiares, para a conscientização coletiva nos lares e na sociedade em geral. Tais medidas não servem de estímulo para escolha homoafetiva, mas visam o respeito à decisão sexual alheia, cabendo a cada indivíduo encontrar a sua própria personalidade e liberdade. Assim como Kant conseguiu unir o racionalismo de Descartes e o empirismo de David Hume em seu Criticismo, cabe à educação anular a dicotomia sexual apresentada previamente, unindo os opostos numa sociedade universal, heterogênea e aberta ao diferente.