Etarismo: desafios para romper com os estigmas sociais

O que disse Esny Soares, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP, acerca do etarismo? Certamente afirmaria que os valores sociais ante a problemática estão corrompidos, uma vez que a sociedade vincula o envelhecimento a uma perda, desvalorizando a existência da pessoa idosa e, por conseguinte, inviabilizando a inserção e o reconhecimento dessa à coletividade. Nessa conjuntura, a atribuição de serventia aos humano e as barreiras na educação, são desafios a serem rompidos pela estrutura socio-cultural. Logo, para que os estigmas etários não sejam ignotos à população, urge analisar as demandas aclamadas para a resolução desses entraves.

Hodiernamente, sob esse prisma, o etarismo está intrinsecamente ligado a distribuição dos direitos aos indivíduos, visto que o corpo social se baseia no princípio da utilidade. Tal simbolismo se manifesta na frase ”Na sociedade dos consumidores, ninguém vira sujeito sem antes virar mercadoria.”, de Zygmunt Bauman, que exemplifica o tratamento comunitário aos mais velhos. Sob essa ótica, quando não podem prestigiar os meios produtivos (com a mão-de-obra, por exemplo), tornam-se isentos dos direitos individuais e coletivos de uma nação. Posto isso, fica claro o descaso social e a perpetuação dos estigmas da idade.

Ademais, os desafios adversativos são confirmados pelas fronteiras no acesso à educação da terceira idade. Nesse pressuposto, destacam-se as dificuldades de obtenção e de adaptação ao ensino superior, que surgem na falta de recursos colaborativos à integração dos idosos às redes de ensino e no preconceito velado sofrido por esses, desestimulando, assim, possíveis discentes. Destarte, são necessárias ações que diminuam essa distância pedagógica.

Infere-se, portanto, que medidas são imprescindíveis para resolver os estigmas sociais que circundam o etarismo. Diante dos fatos, o Estado, juntamente com a civilidade, deve reconhecer a aptidão da pessoa idosa por meio do desenvolvimento de projetos de lei capazes de reintegrar tais cidadãos as universidades e as relações interpessoais, a fim de estabelecer vias de acesso entre os grupos etários. Somente assim, os valores sociais realçados por Esny Soares serão extintos.