ENSINO DOMICILIAR NO BRASIL

O livro “O Menino do Dedo Verde “, de Maurice Druon, narra a história de Tistu, um menino rico que ao não adaptar-se à rotina escolar, passa a ter aulas em casa com toda a infraestrutura necessária. Porém, a realidade de Tistu afasta-se exponencialmente da vivida pela maioria dos estudantes, que têm na escola sua única forma de aprendizado; desse modo, o ensino domiciliar é utópico e inaplicável ao cenário educacional do Brasil hodierno. Essa dificuldade na implantação deve-se tanto à falta de condicoes financeiras das famílias, quanto pela necessidade de interação social entre as criancas.
Segundo o filósofo utilitarista Jeremy Bentham, o bem é aquele que atinge o máximo de pessoas possível. Contudo, com o ensino domiciliar, apenas os estudantes mais abastados teriam como adquirir ferramentas de estudo, como computadores e smartphones, professores particulares, ou mesmo um plano de internet de qualidade; enquanto os mais pobres, que são a maioria, ficariam totalmente excluídos do panorama educacional, e permaneceriam sem oportunidade de ascensão social, visto que os melhores cargos permanecem ocupados por uma seleta elite com boa formação educacional. Assim, o ensino à distância evidencia o já significativo abismo entre ricos e pobres, e perpetua a dominação dos menos estudados por aqueles que detém um bom capital Cultural.
Ademais, a “Teoria Dialética ” de Sócrates, defende que o conhecimento é alcançado através do diálogo e da convivência. Entretanto, o ensino caseiro impossibilita o contato diário entre os alunos, tão importante desde a mais tenra idade para o desenvolvimento de habilidades importantes para toda a vida , como a inteligência emocional e a capacidade de trabalho em equipe. Dessa forma, a educação domiciliar isola o estudante em sua própria “bolha” , e forma cidadãos mimados , e sem maturidade para enfrentar e resolver problemas da vida adulta, ou lidar com outros indivíduos, por exemplo.
Destarte, é necessário que o Estado invista na infraestrutura das escolas, através do envio de verbas aos governos estaduais, que devem fornecer incentivos aos professores, além de adquirir materiais didáticos lúdicos que incentivem a ida do aluno à escola, com o objetivo de mostrar às famílias que o ensino domiciliar não é uma boa alternativa, e que a educação presencial é o melhor método de aprendizagem. Cabe ainda a essa instituição de poder mostrar os prejuízos causados pelo ensino à distância , por meio de propagandas veiculadas pela mídia , a fim de evitar a repetição da história de Tistu.