A Organização das Nações Unidas, por meio dos ODS, um conjunto de metas para a promoção da qualidade de vida global até o ano de 2030, prevê a redução das desigualdades. Nesse sentido, o cenário nacional caminha em contraste à agenda da ONU, visto que ainda há dificuldade em educar os brasileiros quanto temáticas relacionadas ao racismo e promover a igualdade racial. Sob esse viés, é imperioso destacar dois empecilhos para o letramento racial no Brasil: a banalização do racismo e o descaso da mídia.
De início, é válido afirmar que os brasileiros tendem a não reconhecer práticas racistas e suas consequências danosas. Isso ocorre porque, conforme a filósofa alemã Hannah Arendt, quando uma situação nociva ocorre com frequência, ela tende a ser naturalizada. Assim, discursos racistas são incorporados na sociedade, como, por exemplo, a ideia de que o cabelo crespo é ruim, ou de que nariz largo e outros traços comuns à pessoas negras são feios. Dessa forma, faz-se imperioso a tomada de medidas para desconstruir antigos pensamentos.
Além disso, é imprescindível que a escassez de debates acerca de pautas antirracistas seja superada. Nesse contexto, segundo o filósofo Pierre Bourdieu, o que foi criado como instrumento da democracia não deve ser utilizado como mecanismo de opressão. Sob essa perspectiva, devido ao desprezo dado pelos canais midiáticos no que se refere ao letramento racial, o que pode pode ser observado pela ausência da abordagem desse tema em novelas, propagandas e notícias, os cidadãos, condicionados a refletir as posturas da mídia, passam a ignorar esse tópico.
É urgente, portanto, superar as barreiras que impossibilitam o Brasil de se tornar um país totalmente antirracista. Por isso, é necessário que as mídias utilizem sua capacidade de propagação para conscientizar a população sobre o assunto. Isso deverá ocorrer por meio de produções – como novelas e filmes com protagonismo negro – que abordem discussões sobre o racismo, a fim de instruir os telespectadores. Assim, o país poderá se aproximar do objetivo proposto pela ONU.
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Competência 1 (Domínio da norma culta da língua escrita):
A redação apresenta um bom domínio da norma padrão da língua portuguesa, com poucos desvios gramaticais. Porém, há pequenos erros como “faz-se imperioso a tomada” (o correto seria “imperiosa a tomada”). Nota: 180/200
Competência 2 (Compreensão do tema e desenvolvimento da argumentação):
O tema foi bem abordado, com argumentos claros e pertinentes. A menção aos desafios do letramento racial, como a banalização do racismo e o papel da mídia, está diretamente relacionada ao tema. Nota: 200/200
Competência 3 (Seleção e organização das informações):
A organização das ideias está coerente, com progressão textual clara e coesão entre os parágrafos. As citações de Arendt e Bourdieu enriquecem a argumentação e são bem inseridas. Nota: 180/200
Competência 4 (Conhecimento dos mecanismos linguísticos):
A coesão textual é bem mantida, com o uso adequado de conectivos e estruturas que ligam as partes do texto. Não há rupturas na fluidez. Nota: 180/200
Competência 5 (Proposta de intervenção):
A proposta de intervenção atende aos critérios da competência, com uma solução concreta (uso das mídias para conscientização e representatividade negra). A proposta é detalhada e exequível. Nota: 160/200
Nota final estimada: 900/1000
Essa é uma redação forte, que atende bem às exigências do ENEM, com boa argumentação e proposta de intervenção adequada. Pequenos ajustes gramaticais e um detalhamento maior na proposta de intervenção poderiam elevar a nota.