[ENEM] Senso de coletividade e construção de uma sociedade mais justa

Em algumas democracias da antiga Grécia – considerada o berço da civilização ocidental – havia uma grande responsabilidade de se fazer política, por parte seus cidadães. “Idiota” – termo derivado do grego para designar pessoas que só pensam em si – era uma espressão frequentemente usada contra pessoas que se excluiam da política da pólis. Por conseguinte, na sociedade brasileira, vemos um grande distanciamento, por parte do povo, de querer ser um agente político, e melhorar a sociedade. Parte deste problema se dá, em grande número, ao sistema de ensino, onde aprendemos a valorizar, acima de tudo, a competição.

Primeiramente, se faz necessário entender que a educação, diferente do que comumente pensamos, não se faz apenas nas escolas. No estudo da sociologia, por exemplo, identificamos três instituições – quando existentes – definidoras dos primeiros anos de nossa vida, sendo elas: família, igreja e escola. Embora estas instituições sociais não tenham como regra ditar nossas ideias e interesses, seu poder persuasivo perdura, e ideias errôneas, como a de que temos que competir para não sermos passados para trás, muitas vezes nos são passadas, e influenciam fortemente em nossas escolhas futuras, gerando uma sociedade apática que trata seus iguais como inimigos.

Ademais, este é um problema muito sério, e podemos o observar facilmente em nossa sociedade. Em situações como a de uma pandemia, como vemos acompanhando, a falta de empatia põe a vida de muitas pessoas em risco. Casos como o de lideranças políticas que não dão exemplos, ou até desencentivam o uso da máscara, e a concordância de tais atitudes por grande parcela da comunidade, nos mostra o descaso de muitas pessoas com a vida alheia, e a falta de um instinto de coletividade.

Dessa forma, vemos que é necessário mudar a direção de nossos rumos educacionais. O MEC – Ministério da Educação – com apoio do poder legislativo e da população, deve transformar as escolas em espaços que incentivem ao ato coletivo, para que tenhamos, num futuro não tão distante, um país mais igual. A mudança deverá ser feita através de modificações na Grade Comum Curricular de todos os diferentes níveis de formação, com uma distribuição mais equilibrada das matérias, pressionando menos aos estudantes. A inclusão de matérias voltadas à educação cidadã, em virtude disso, abordaria questões importantes acerca de viver em sociedade. Assim, poderíamos viver em uma país menos – como diriam os gregos – idiota.