ENEM- Biopirataria no Brasil

Uma pedra, representando, simbolicamente, uma ideia de obstáculo perante a trajetória do eu lírico. É isso que se vê no poema ” No meio do caminho” de Carlos Drummond de Andrade. É possível relacionar essa metáfora com a biopirataria no Brasil, pois esta problemática tem se apresentado como uma “pedra” no percurso da sociedade. Nesse prisma, é importante observar as causas e consequências no país.
De início, verifica-se que o Poder Público mostra-se omisso ao permitir a biopirataria. Isso porque existe uma falha no processo de elaboração das leis, uma vez que a legislação em vigor, por ser considerada branda, não tem inibido o tráfico e a pirataria de animais silvestres, como a arara-azul, por exemplo, o que prejudica o bioma brasileiro, causando a extinção da espécie. Desse modo, verifica-se que o governo, por não assegurar qualidade de vida a todos os seres vivos, tem desrespeitado o contrato social teorizado pelo filósofo Thomas Hobbes.
Além disso, observa-se que aceitar a biopirataria é banalizar o mal. Porém, uma parcela populacional tem apresentado certa apatia diante da ausência de investimento financeiro estatal em gestão ambiental, como o IBAMA ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), posto que faltam verbas para a ampliação de equipamentos de monitoração, por exemplo, comprometendo, assim, a  preservação da Araucária, por exemplo, que com a sua devastação, houve a escassez de seu fruto que é alimento para nativos das áreas predominantes. Tendo em vista as reflexões da filósofa Hannah Arendt para explicar esse quadro, constata-se que a massificação da sociedade tem afetado a capacidade do indivíduo discernir moralmente o certo e o errado.
Cabe, afinal, admitir que a biopirataria deve ser superada. Logo, é necessário exigir do Estado, mediante debates em audiências públicas, a aplicação de multas mais elevadas para quem cometer crimes ambientais, com o objetivo de reduzir o tráfico e a pirataria de animais silvestres. Ademais, é fundamental sensibilizar a população, via campanhas mediáticas produzidas por ONGs, sobre a importância de se adotar uma postura não resignada perante a exploração de recursos biológicos, potencializando, assim, a mobilização social em prol de verbas para a ampliação de equipamentos de monitoramento, promovendo, assim o controle das áreas devastadas. Desse modo, diferentemente do poema de Carlos Drummond de Andrade, seria possível remover as “pedras” do caminho.