Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

  • 1

 No filme “Que Horas Ela Volta?”, é abordada a situação da protagonista, Val, que, enquanto enfrenta pressões sociais que a forçam a se conformar a um papel subserviente, ela luta para equilibrar sua identidade como empregada e mãe, mostrando que o cuidado, embora essencial, é frequentemente desconsiderado. Fora da ficção, infelizmente, muitas mulheres possuem seu trabalho de cuidado desvalorizado no território brasileiro, enfrentando condições precárias, jornadas exaustivas e falta de reconhecimento, o que perpetua desigualdades sociais e de gênero. Logo, é necessária a análise dos obstáculos que contribuem para esse triste quadro: os inúmeros casos de estereótipos e a negligência governamental.

   Em primeira análise, vale destacar que as ideias preconcebidas em relação à função de cuidado realizado pela figura feminina intensificam os desafios relacionados ao reconhecimento desse trabalho. Desde o período colonial brasileiro, as mulheres ocuparam uma posição menosprezada na sociedade, designadas a realizar tarefas domésticas e de cuidados familiares. A partir disso, elas visualizaram os seus direitos como ser humano e fizeram movimentos sociais, tal como o feminismo, com o objetivo de conquistá-los, dentre eles, o direito ao voto e o emprego remunerado. No entanto, mesmo assim, nota-se um preconceito ainda existente no corpo populacional brasileiro, visto que, em muitos lugares do país, as mulheres gastam mais horas dedicadas ao cuidado em comparação aos homens, além de receberem bem menos que as figuras masculinas. Posto isso, enquanto os estereótipos se mantiverem, o Brasil permanecerá distante de uma resolução efetiva da invisibilidade da função de cuidado realizada pelas mulheres.

  Ademais, convém ressaltar, ainda, o descaso estatal como um fator que agrava a omissão do emprego de cuidar executado pelas mulheres. Conforme a Constituição Federal de 1988, é dever do Estado garantir o direito à igualdade de gêneros e a proibição de diferença salarial e de exercício de funções. Entretanto, percebe-se que tais prerrogativas não são cumpridas de fato, uma vez que a fragilidade de políticas públicas voltadas ao reconhecimento da função realizada pela figura feminina, a discrepância de salários entre homens e mulheres e a falta de apoio por parte do governo são causas que auxiliam nesse cenário de desvalorização, originando a implantação de estereótipos vinculados à ocupação feminina de cuidado. Assim, o abandono do Estado resulta no agravamento da invisibilidade desse trabalho.

 Portanto, cabe ao governo, órgão responsável por assegurar os direitos aos cidadãos e a existência de todos, realizar campanhas educativas sobre a importância da função de cuidado, por meio de verbas estatais e da mídia, a fim de promover a igualdade de gêneros. Além disso, urge que o Ministério Público, encarregado de defender os interesses da sociedade e a ordem jurídica, crie mais legislações voltadas à investigação de denúncias de discriminação da minoria no trabalho, por meio de audiências públicas, na intenção de diminuir o machismo dentro do corpo social. Dessa forma, haverá uma valorização do emprego de cuidar executado pelas mulheres.

Compartilhar

5 Correções

  1. A redação ficou muito boa, com uma introdução clara, boas alusões artísticas e históricas. Bom desenvolvimento dos argumentos e boa proposta de intervenção. Só toma cuidado com a redundância, você repetiu “função de cuidado” três vezes durante o texto. No seu primeiro parágrafo de desenvolvimento (segundo parágrafo) você usou a palavra “visualizaram”, mas acabou ficando um pouco ambíguo, aqui você poderia utilizar de “reinvidicaram” ou “lutaram por seus”.

    • 1
  2. Redação ótima! Parabéns Evellyn!

    Só uma observação muito importante: O Ministério Público não tem a função típica de legislar, mas sim de efetivamente defender os direitos sociais e individuais indisponíveis da sociedade. Assim, ficaria mais correto que você mencionasse o dever do Poder Legislativo de criar normas voltadas à investigação das denúncias de discriminação contra as mulheres, pois ele que possui essa competência.
    Isso te blindará de perca de pontos, caso o examinador seja um pouco mais exigente nesse aspecto.

    • 1
  3. A redação em si ficou boa! Apenas um acréscimo… Na conclusão, tente retomar ,nem que seja de forma pequena, o assunto abordado na redação, por exemplo: ” Portanto, é necessário visibilizar o trabalho realizado por mulheres…”

    Isso é opcional, mas traz um ar de conhecimento acerca do tema e também retoma sobre o que você está dizendo.

    • 1

Você precisa fazer login para adicionar uma correção.