Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

Desde a Grécia Antiga – lugar onde floresceu a democracia- as mulheres já tinham uma ampla tarefa referente ao cuidado com os filhos e coisas relacionadas ao lar. Além disso, eram excluídas do direito ao voto e de exercerem trabalhos remunerados. Analogamente, as mulheres brasileiras também exercem trabalhos de cuidado, só que diferente da Grécia, elas votam e fazem esses trabalhos tanto de forma remunerada quanto não. Contudo, quando os fazem são invisibilizadas. Dessa forma, é importante entender quais desafios reforçam esse quadro no país.

Em primeira análise, está o desafio da segregação ocupacional: a divisão entre profissões por gênero. Isso se aplica, pois em trabalhos majoritariamente masculinos, o salário é maior. Sob essa perspectiva, pode se dizer que historicamente as mulheres exerceram atividades como enfermeiras e professoras, por exemplo. Consequentemente, nas áreas da saúde e educação, há uma disparidade maior do que em áreas tais quais engenharia e arquitetura. Além disso, pode se dizer também que a segregação em destaque se constitui um descaso, haja vista o quanto os serviços de assistência foram importantes na pandemia e Segunda Guerra, por exemplo. Dessa forma, diante da evidente desigualdade, é importante encontrar maneiras de resolver o problema que assola o país.

Em segunda análise, está o desafio da ‘’economia do cuidado’’. Isso se aplica pois, no contexto capitalista, elas, não só lutam para garantir o sustento de sua família, como passam mais tempo que os homens em serviços domésticos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios feita, em 2022, pelo IBGE, elas gastam quase o dobro do tempo deles em tais serviços. Além dessa constatação, é importante frisar ainda que o problema afeta até mesmo a saúde mental. Um exemplo disso, é ‘’o burnout materno’’: resultado do desgaste emocional e que reflete a pressão exercida nas mães para que se enquadrem no ‘’ideal de maternidade’’.  Logo, diante, do que acarreta, sobretudo à saúde mental, é de extrema importância propor formas de enfrentamento à temática.

Logo, diante de todo o exposto, é viável que a Secretária da Mulher concentrada nos municípios atue em conjunto com os Estados por meio do evento ‘’Empoderadonas’’. Esse evento terá o intuito de não apenas divulgar a importância delas nos serviços de cuidado, mas também de levar as demandas laborais do público feminino, sobretudo das minorias- pretas, pardas indígenas – para serem debatidas no Congresso e senado. Ademais, ele deverá ocorrer semestralmente e servirá como base para que não haja invisibilidade quer seja nos trabalhos remunerados ou não. Assim, é possível ir muito além do contexto democrático grego.