Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil

Segundo a filósofa Hannah Arendt, a diversidade é inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam ser habituados à convivência com os diferentes. Entretanto, observa-se na sociedade brasileira os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais, uma vez que a população e o governo mostram-se omissos ao cuidado e à inclusão desses grupos no meio social. Com isso, a apatia social e a negligência governamental atuam como propulsores do revés.

 

Diante desse cenário, destaca-se a apatia da sociedade como um dos principais entraves para a valorização das comunidades e povos tradicionais. Seguindo essa lógica, pode-se evidenciar o intitulado “Paradoxo da Moral”, livro escrito pelo musicólogo Vladimir Jankélevitch, o qual retrata a cegueira do homem moderno, ou seja, a passividade dos indivíduos frente aos problemas enfrentados pelo próximo. De maneira análoga, é possível perceber a escassa empatia da sociedade com os povos tradicionais no Brasil. Esse comportamento decorre do individualismo existente nesses cidadãos, posto que mostram-se incapazes de conviver com tais comunidades. Dessa forma, enquanto esse posicionamento manter-se, difícil será a resolução dessa questão.

 

Ademais, o descaso governamental é um fator a ser analisado. Nesse sentido, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, por meio de sua teoria “Instituições Zumbis”, relata a negligência das instituições de poder aos problemas sociais e à sua função, atuando como “zumbis”. Por esse pensamento, infere-se que o descuido governamental causa a desvalorização das comunidades tradicionais. É preciso, então, solucionar essa problemática, pois tais povos contribuem para a nação brasileira na medida em que proporcionam o cuidado com a natureza, além de possuírem conhecimentos e experiências da cultura histórica.

 

Em suma, torna-se necessário valorizar as comunidades e povos tradicionais. Para isso, cabe ao Governo implementar não só a inclusão desses povos no meio social, mas também incentivos e benefícios – como a demarcação de terras -, por meio de verbas governamentais e apelo midiático, com o fito da sociedade respeitar tais grupos e haver sua inclusão na coletividade. Assim, será possível observar a efetivação da teoria de Hanna Arendt no meio social.