Desafios de combater o desaparecimento de pessoas no Brasil

No filme “Procurando Nemo”, o personagem principal Marlin depara-se com o desaparecimento de seu filho em seu primeiro dia de aula, com isso, parte para uma longa busca a fim de encontrá-lo. Contudo, infelizmente, essa narrativa não retrata a realidade brasileira, na qual, diariamente, centenas de pessoas desaparecem, seja de modo voluntário, involuntário ou forçado. Nessa percepção, é notório a negligência do Estado frente à problemática e a abaixa visibilidade do assunto na sociedade.

Em primeira instância, o número de pessoas que desaparecem no Brasil vem crescendo gradativamente. Em 2017, de acordo com dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), foram registrados em todo o Brasil 82 684 desaparecimentos no ano. Com essas afirmações, é evidente que a problemática é pouco discutida no país. A ausência de divulgação sobre o assunto influencia em grande parte do impasse ocorrer, sem informações sobre o tema e sem a exposição necessária por meio da mídia, por exemplo, a sociedade muitas vezes, não sabe da gravidade que isso pode acarretar.

Ademais, nota-se uma negligência por parte do Poder Público na resolução dos inúmeros desaparecimentos listados pelo FBSP. O Brasil não tem políticas públicas eficazes para evitar que mais crianças desapareçam, já que nem todos os estados disponibilizam dados especificados sobre desaparecimentos, e não existe um dado oficial sobre quantas pessoas desaparecem por ano em todo o Brasil. O desaparecimento desses indivíduos é causado muitas vezes de forma forçada, ou seja, através de sequestros, que tem como alvos, muitas vezes, crianças e mulheres. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil é registrado, em média, mais de 50 mil casos de sumiços de crianças por ano, número que demonstra a facilidade dos criminosos, posteriormente, serão usados para o tráfico humano, venda de órgãos e prostituição. Desse modo, a fragilidade infanto-juvenil coopera para o aumento do índice de desaparecidos no país.

Compreende-se, portanto, a importância de resolver o impasse no país. Por isso, cabe ao Ministério público promover a atenção da sociedade para mais visibilidade sobre o assunto. Ademias, a mídia deve providenciar meios de divulgação de fotos e nome dessas pessoas desaparecidas em jornais ou nos intervalos da programação, afim de visar o aumento de procura desses indivíduos. Além disto, com essa medida, espera-se que cenas como as mostradas em “Procurando Nemo” estejam somente nas telas e não mais na realidade brasileira.