Democratização do acesso ao ensino de língua estrangeira no Brasil

Na Idade Média, os feudos eram cercados por grandes muros que separavam a população, dando apenas à nobreza o acesso a diversos bens e serviços. Fora da alusão, o Brasil contemporâneo apresenta as mesmas condições no que tange à questão da democratização do acesso ao ensino de língua estrangeira. Nesse âmbito, urge a adoção de medidas para a reversão da situação.

Mormente, pode-se apontar como um empecilho à consolidação de uma solução a segregação socioespacial. Segundo Zuenir Ventura, a mesma promove uma “cidade partida”, onde as ferramentas que permitem a prática da cidadania estão disponíveis apenas nos locais de maior renda. Infelizmente, o cenário descrito pelo jornalista é comum no país, uma vez que a maior parte dos cursos de idiomas se localizam no centro dos municípios, nem sempre acessíveis para os moradores de regiões periféricas.

Em segundo plano, é importante salientar que a falta de investimento é uma causa latente do problema. Arthur Lewis defende que a educação sempre foi um investimento com retorno garantido. Todavia, em contraposição às ideias do economista, o ensino da língua estrangeira não possui a devida aplicação governamental no território nacional, sendo raras as oportunidades de estudar grauitamente linguagens forasteiras. Devido aos altos preços cobrados pelos cursos de línguas, pessoas sem condições de bancá-los acabam não tendo acesso a esse recurso.

Portanto, é indispensável a adoção de medidas para a solução do panorama. Assim, o MEC, em união a cursos particulares de idiomas, deve realizar cursos gratuitos de línguas estrangeiras por meio de professores especializados no objetivo de garantir o aprendizado de outras línguas por todos os estudantes, abrindo a eles maiores oportunidades futuras de ingressar em uma universidade, conseguir um emprego ou passar em um concurso. Desse modo, talvez possa ser criado um cenário mais distante da realidade feudal.