Democratização do acesso ao Cinema no Brasil(ENEM 2019)

Em uma das cenas do filme “Up:altas aventuras”, o protagonista Carl Friedricksen, quando jovem, vai ao cinema assistir um longa-metragem sobre um aventureiro que, o inspira a se tornar como tal, ao atingir a maioridade. Fora da ficção,é fato que a ida às salas cinematográficas no Brasil  contemporâneo ainda não é democratizada de maneira digna, visto que, a dificuldade de assegurar esse direito se faz presente em todo o país. Com efeito, para que esse cenário se ausente da realidade dos brasileiros, deve haver mudança de pensamento do corpo social e maior atenção estatal.

Em primeira análise, é fulcral ressaltar a importância das obras cinematográficas na construção de uma sociedade que aprecie a “sétima arte”. Consoante o filósofo Geog Hegel,a arte é capaz de cultivar o humano no homem e despertar sentimentos adormecidos.Indo ao encontro dessa visão,os filmes e documentários têm como função principal intensificar o processo de conhecimento de diversas culturas e entreter o público,fato que é dificilmente alcançado no país,uma vez que a sociedade não almeja a aquisição de novos conhecimentos e opta por assistir filmes que apresentem uma maior função humorística em detrimento de obras que possam aumentar sua capacidade intelectual e cultural. Além disso, a desvalorização dos filmes nacionais também intensifica o problema,pois a aquisição de conteúdos cinematográficos estrangeiros distancia o brasileiro de sua própria cultura,além de desvalorizar a arte “verde-amarela”.Em vista disso,enquanto os indivíduos optarem por usufruir majoritariamente de longas-metragens que os entretenham, a atenuação do impasse vigente será exceção.

Outrossim,há de se destacar a participação do governo no que tange à perpetuação da problemática.De acordo com o artigo 227 da Constituição Federal,cabe ao Poder Público assegurar toda forma de manifestação cultural e sua difusão.Entretanto,tal princípio constitucional não é exercido de modo adequado hodiernamente, haja visto que a dificuldade de se deslocar aos cinemas é vivenciada com maior intensidade nas áreas periféricas do país,pois,nesses locais,há uma menor quantidade de salas cinematográficas,o que propicia um entrave para que todos os cidadãos possam ter acesso a esses direitos culturais.Ademais,o impasse se intensifica quando se observa que a maioria das salas se encontra nos “shopping centers”,fato que encarece o preço dos ingressos e facilita o acesso a pessoas de classes sociais mais favorecidas economicamente.Desse modo,não é razoável que o Estado mantenha uma postura de indiferença perante tal situação.

Interfere-se, portanto que a realidade vivenciada por Carl Friedricksen deve ser efetivada no Brasil hodierno. À sociedade cabe, por meio das redes sociais, influenciar os cidadãos a optarem por assistir filmes nacionais com o intuito de que a ANCINE(Agência Nacional de Cinema)seja capaz de produzir mais conteúdos para o público.É imprescindível,também,que o Ministério da Cidadania,por intermédio de verbas governamentais,aumente a quantidade de salas cinematográficas nas áreas periféricas do Brasil-especialmente nas regiões Norte e Nordeste,onde a problemática se intensifica-objetivando uma maior inclusão dessas pessoas no acesso ao cinema.Assim,realizada a efetiva ação entre as duas esferas,os brasileiros poderão assistir à verdadeira valorização da “sétima arte”.