Crianças sem infância: o aumento da adultização infantil

O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o direito inerente de brincar e de divertir-se a todas as crianças e adolescentes. Esse princípio, no entanto, não é colocada em prática, uma vez que o aumento da adultização infantil persiste no país. Isso ocorre seja pela publicidade nesse âmbito, seja pela omissão dos pais. Sendo assim, torna-se crucial a análise e a resolução desses estorvos para combater a adultização na infância no Brasil.

Nessa perspectiva, é lícito destacar que as propagandas midiáticas potencializam a adultização precoce. Diante disso, o filme “Criança, a Alma do Negócio” mostra como os comerciais e a mídia influenciam as crianças na decisão de compra dentro de casa, além dos impactos negativos da exposição às propagandas, bem como a escolha de produtos que contribuem para adultizá-las. A par disso, é indubitável que a interferência dos veículos de comunicação afetam as crianças e o desenvolvimento de habilidades fundamentais ao ser humano na etapa da infância, tal como discute o filme. É perceptível, portanto, a dissolução dessa conjuntura.

Além disso, vale postular que a displicência familiar corrobora com a adultização prematura das crianças. No filme “Pequena Miss Sunshine”, é apresentada a história de uma família de classe média que viaja com o objetivo de levar a filha caçula Olive para participar de um concurso de beleza infantil. Nesse contexto, as crianças do concurso, diferente de Olive, estão vestidas como “pequenas mulheres” e não como meninas. Por conta dessa situação posta pelos pais, as meninas ficam vulneráveis a erotização ainda na infância. Ademais, as crianças retratadas no filme são semelhantes a muitas outras no Brasil que acabam tendo a aceleração das fases da vida, sem dar espaço para que a criança viva o período da infância e, depois a adolescência, como deve ser. Dessa maneira, essa problemática urge ser solucionada para que o princípio constitucional seja validado, de fato.

Portanto, são necessárias medidas que atenuem a adultização precoce. Assim, cabe ao Governo Federal mediante a Carta Constitucional efetuar de maneira mais plena as leis já existentes a respeito da publicidade infantil. Outrossim, famílias e escolas por meio, respectivamente, de diálogos frequentes e palestras devem debater acerca dos danos causados pela aceleração das etapas de desenvolvimento das crianças, como fator essencial da valorização da infância, de modo a combater a adultização de crianças e a formar um paradigma comportamental de total respeito ao direito de brincar e de divertir-se da criança e do adolescente.