Coletivo X individualismo

Émilie Durkhein, um dos fundadores da sociologia, distingui, no século XIX, de acordo com o modo de organização, dois tipos de sociedades, a mecânica e a orgânica. Nesta classificação, enquanto a primeira comunidade tem como características a coletividade e a distribuição equitativa dos bens, a segunda, vigente na atualidade, é pautada no individualismo e na concentração de riqueza, o que leva, como consequência, a desarmonia social influenciada por diferentes fatores.

Em primeira instância, as causas para tais problemáticas encontram-se no crescimento do capitalismo e da consequente redução da consciência coletiva associada a criação de uma nova forma de interação social que favorece o egocentrismo. De acordo com Mark Weber, isso tudo se deve a lógica do mercado, que cria relações de subordinação em que o que indivíduo que detém o poder\capital é o merecedor dos privilégios. Paralelamente, essa perspectiva, intensificada no século XXI, forma pessoas que não se preocupam com os problemas em sua volta e que por isso, permitem, de forma direta, o favorecimento da desigualdade social.

Ademais, há, como motivo relevante para a desarmonia social, o preconceito e a exclusão vigente na sociedade por parte de alguns indivíduos, que tomam como coletivo determinado grupo com características semelhantes ao seus, à exemplo da cor da pele e da posição socioeconômica. No Brasil, essa realidade foi demostrada na série, exibida pela Netflix, “3%”, em que uma sociedade ideal foi formada em detrimento de outra que se encontrava à margem da miséria social e da violência. Portanto, torna-se inaceitável que não haja consciência do coletivo e de sua importância  para a sociedade mesmo com tantas informações circulando por diferentes meios.

Com base nisso, formas de se intervir na problemática devem ser formuladas, como por exemplo, a abordagem em escolas e faculdades de temas relacionados a sociologia e aos problemas que envolvem a sociedade por meio da melhoria do material didático oferecido pelo  Ministério da Educação e também, com o aumento da observação na prática da realidade social pelos estudantes. Só assim, o pensamento crítico e coletivo será desenvolvido e mantido pela sociedade.