A arquitetura hostil ou arquitetura defensiva, é um design urbano aplicado em espaços públicos ou privados, projetados com a prerrogativa de garantia de segurança ao público. Bancos com divisória, lanças em muretas, grades, rampas e muros altos com arames, são exemplos desse método que, de maneira sutil, segrega e trás a tona as desigualdades que marginalizam e desamparam social e economicamente as parcelas mais carentes da sociedade. Diante desse cenário, cabe abordar as raízes por trás desse tipo de construção e a gentrificação – adaptação dos centros urbanos –, causada por esses métodos.
De início, é válido salientar que desde a Idade Média, práticas de segregação já aconteciam. A construção de muralhas com paredes espessas para impedir invasões foram usadas como barreiras à mobilidade, assemelhando-se aos projetos arquitetônicos atuais, que estão sofrendo mais aperfeiçoamentos e ampliações. Com isso, na contemporaneidade, a arquitetura hostil passou a receber notoriedade por sua eficiência em conter, principalmente, o refúgio de pessoas sem-teto, contudo, a paisagem agressiva marginaliza e aprofunda desigualdades. Assim, essa entrave pode ser associada ao trecho “tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”, poema do escritor Carlos Drummond de Andrade, que ilustra perfeitamente a vivência daqueles que deparam-se com obstáculos que impedem a sua livre circulação. Dessa maneira, a arquitetura hostil segrega e naturaliza a gentrificação, de forma eficiente.
Ademais, mudanças nos centros urbanos pensadas e projetadas para evitar a ocupação pelos marginalizados, controlam o comportamento humano. Em vista disso, no ano de 2021, o padre Júlio Lancellotti, dedicado às ações filantrópicas, foi pessoalmente quebrar a marretadas pedras instaladas em um viaduto da zona leste de São Paulo, colocadas para impedir que o local fosse utilizado como abrigo. Com esse evento marcante, o padre Júlio lançou luz sobre o objetivo presente nessas estruturas “antimendigos” e abriu portas para o questionamento sobre a utilização da arquitetura hostil com a prerrogativa de garantia de segurança e estética urbana positiva.
Sob esse viés, a paisagem agressiva precisa ser repensada e políticas que acolham ao invés de silenciar, devem ser instauradas. Logo, cabe ao Estado, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social incluir políticas públicas que atuem regulamentando e proibindo a arquitetura hostil a partir da revisão e modificação de designs pré-instalados, modificando-os mediante a construção de obras inclusivas e acessíveis para a promoção de espaços com mobilidade adequada. Outrossim, é fundamental que o governo em conjunto com instituições sem fins lucrativos, atuem na melhora das condições estruturais de abrigos comunitários, oferecendo também, assistência multilateral com amparo alimentar, médico e psicológico, além de encaminhar o público carente a serviços de emprego. Dessa maneira os agentes sociais estarão cumprindo seu papel, o que fará com que as pedras não sejam mais utilizadas como barreiras para o progresso.
Guialencarps
O texto apresenta continuidade temática e, além disso, o participante apresenta, sem inadequações,
um repertório variado de recursos coesivos, que articulam argumentos, partes do textos e as informações
apresentadas, tanto no plano nominal, com o emprego de pronomes e palavras ou expressões sinônimas, quanto no sequencial,, assim como no emprego adequado e correto dos sinais de pontuação ligando
palavras, orações e períodos complexos.
Como a prova pede proposta de intervenção que respeite os direitos humanos, esse texto é finalizado
com duas propostas que cumprem esse requisito, ambas descritas anteriormente. Elas, como se nota,
permeiam o texto e são decorrentes do desenvolvimento da argumentação. Essas propostas são detalhadas,
mostram o quê e como devem ser realizadas, quem vai realizar o que foi proposto e qual será o efeito dessas
ações de intervenção.
Lídia.Sales
A estruturação da sua redação está muito boa, mas você poderia ter falado rapidamente sobre o assunto na introdução para poder falar mais afundo no desenvolvimento, porém você foi direto ao ponto.
E também se atente a alguns erros de concordância.
Parabéns pelo empenho, continue assim que suas redações irão ficar cada vez melhores.
mariaeduardagoncalves
Sua redação esta muito bem estruturada, com certeza teria 800+ ou 900+. Eu me atentaria apenas a pontuação, ortografia e algumas concordancias.
Alem disso, no inicio do primeiro paragrafo você poderia falar brevemente sobre o que será dito naquele paragrafo, porem você foi direto para o repertório
Crislim401
A redação aborda de maneira clara e articulada o tema da arquitetura hostil, destacando sua influência na segregação social e na gentrificação. O texto apresenta argumentos bem fundamentados e utiliza exemplos pertinentes, como a atuação do padre Júlio Lancellotti em São Paulo, para ilustrar a problemática.
No entanto, algumas sugestões podem ser feitas para aprimorar a redação:
Revisão de pontuação: Alguns trechos podem se beneficiar de uma revisão na pontuação para tornar a leitura mais fluida e facilitar a compreensão.
Coerência e coesão: Alguns parágrafos poderiam se beneficiar de uma reestruturação para garantir uma progressão lógica e coesa dos argumentos apresentados.
Ampliação de argumentos: Embora a redação esteja bem desenvolvida, poderia ser enriquecida com dados estatísticos, estudos de caso ou referências a fontes confiáveis para reforçar os argumentos apresentados.
Foco em possíveis soluções: Embora o texto aborde a importância de repensar a paisagem agressiva e implementar políticas inclusivas, pode ser interessante oferecer mais detalhes sobre como exatamente isso poderia ser feito.
Variação vocabular: Em alguns momentos, o texto poderia se beneficiar de uma maior variedade de vocabulário para evitar repetições.
No geral, a redação apresenta uma abordagem coerente e bem fundamentada sobre a arquitetura hostil, destacando suas implicações na sociedade. Com algumas melhorias sugeridas, a redação pode se tornar ainda mais impactante e persuasiva.