AGROTÓXICOS: VENENOS DA MODERNIDADE

Escrita pelo filósofo inglês Thomas More, a obra “Utopia” define a sociedade como perfeita, equitativa, ausente de conflitos e problemas. Conquanto, quando se observa o uso de agrotóxicos e seu impacto na sociedade moderna, verifica-se que esse mundo ideal de More está impossibilitado ser alcançado, uma vez que a realidade está totalmente oposta ao que o autor prega. Nesse sentido, diante de uma realidade instável e temerária que mescla conflitos nas esferas ambientais e humanas, torna-se premente analisar os principais impactos dessa problemática.

Em primeiro lugar, é relativo pontuar que o uso indiscriminado dessas substâncias químicas também conhecidas como defensivos agrícolas, deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Devido à falta de atuação das autoridades, nos seres humanos, esses produtos representam a terceira maior causa de intoxicação do país. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 1,5 milhão de trabalhadores rurais estão intoxicados no campo. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.

Outrossim, destaca-se a falta de fiscalização como impulsionar do problema. Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado é responsável por garantir o bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Diante do exposto, para o consumidor o perigo está no prato. Diversos produtos chegam à mesa com resíduos acima do permitido ou com substâncias químicas proibidas. No meio ambiente, os agrotóxicos contaminam o solo e água, além de atingir alguns animais.

Infere-se, portanto, que a conscientização do uso de agrotóxicos é um grande desafio no Brasil. Dessarte, faz-se necessária a atuação do Ministério da Agricultura através de campanhas na mídia, como redes de TV e Internet, no intuito de promover o incentivo à produção orgânica, e o uso de agrotóxicos somente em condições necessárias e permitidas. Outra iniciativa, sobretudo, é a implementação de leis e punições mais severas pelo Poder Executivo, e que sejam rigorosamente fiscalizadas pelo Poder Judiciário, por intermédio da Polícia Ambiental. Desse modo, poder-se-á criar um legado que More pudesse se orgulhar.