A SAÚDE MENTAL EM QUESTÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

A Geração Ultrarromântica exaltava nas obras um pessimismo diante da existência e caracterizava-se pela forte tendência depressiva e pela recorrência a vícios. Conquanto, fora da ficção, a realidade do Brasil hodierno é semelhante ao retratado no período do Mal do Século, haja vista os distúrbios psiquiátricos frequentes no corpo social, configurando-se através da negatividade e da angústia no dia a dia. Nesse sentido, é fundamental a modificação desse cenário desfavorável, o qual possui como causas: os estigmas e os tabus criados pela sociedade em relação ao tema e a falta de atendimento profissional adequado.

Deve-se pontuar, de início, que a transformação do assunto saúde mental em um tabu, bem como a estigmatização pela coletividade tem sido um problema. Por esse prisma, embora a Organização Mundial da Saúde defina saúde como o estado completo de bem-estar físico, social e mental, as pessoas não priorizam essa esfera. Isso porque, a temática é pouco discutida no contexto social, sobretudo, nas instituições de ensino. Dessa forma, faz-se necessária uma maior participação da educação no tema, tendo em vista o potencial que essa ferramenta possui para transformar a sociedade, sob a ótica do educador Paulo Freire. 

Em soma, é imperativo destacar que a ausência de atendimento psicológico adequado atua como um obstáculo para o Brasil. Por essa perspectiva,  a Organização Pan-Americana da Saúde divulgou um relatório que expôs que os investimentos atuais estão abaixo do necessário para suprir a carga de transtornos mentais na saúde pública. Como consequência do descaso com o âmbito da saúde mental, diversos cidadãos não têm acesso aos cuidados psiquiátricos fundamentais para a qualidade de vida, contrariando a Constituição, pois ela assegura que a saúde é um direito básico de todos os cidadãos e dever do Estado.

É imprescindível, portanto, que exista a transformação desse panorama não favorável para a sociedade brasileira. Logo, para que a saúde mental possa ser tratada com seriedade, possibilitando uma melhor qualidade de vida aos cidadãos, urge que o Ministério da Saúde, em parceria com as escolas, faça uma semana científica sobre bem-estar psicológico a fim de atenuar os estigmas e tabus. Ademais, será executado por meio de palestras, gincanas e oficinas, mostrando como prevenir transtornos e os locais de ajuda, com a participação dos discentes, funcionários, famílias e profissionais da saúde. Paralelamente, o governo deve ampliar os investimentos na saúde psiquiátrica. Assim, o pessimismo diante da existência da fase romântica, ficará apenas nas obras literárias.